Rádio Reverberação

domingo, 23 de dezembro de 2012

a imprevisão do inesperado


O inesperado sempre acontece, e por isso que ele tem esse nome... bem conveniente. Com pouco ou muito impacto ele sempre deixa uma marca perigosa. Por não esperarmos o que vai acontecer é impossível escolher imediatamente as ferramentas que serão usadas. Planejamos dezenas de coisas, imaginamos as formas que iremos agir e o que fazer se uma coisa sair errada. O “errado” aqui não é a mesma coisa que “inesperado”, pois quando imaginamos aquilo que pode sair de nosso controle elaboramos alternativas para aquilo, mas para o que não esperamos ficamos de calça curta. Às vezes o inesperado é ruim, afinal quem nunca ouviu ou disse a famosa frase “merda acontece”? E acontece mesmo... nunca sabemos quando por um acesso de raiva iremos quebrar a torneira da pia da cozinha, ou em uma viadora dupla na porta quase tirar a maçaneta do lugar... definitivamente isso é pouco comum e inesperado... e pior, é uma coisa do mal... Mas o inesperado também pode ser bom... por vezes que achamos que nada vai acontecer ao andar pela rua e de repente achamos R$ 5,00 e vamos direto na padaria comer um pão-de-queijo e tomar uma Coca-Cola. As coisas que nos tiram de nossa zona de conforto são fundamentais para que paremos o que estivermos fazendo e pensar sobre os próprios caminhos que devemos seguir, se não isso ao menos nos forçam a por na balança aquilo que queremos planejar. Nós já sabemos que nosso futuro não é teleológico, lá no fim não está o comunismo... mas temos se seguir até ele sem saber quando a mesa vai virar, e isso é o mais divertido da coisa... o inesperado pode acontecer enquanto eu escrevo esse textinho idiota, posso ter uma epifania largar tudo que eu estiver fazendo, pegar um ônibus e ir pra outro lugar só pra encontrar outras coisas ou outras pessoas, que inesperadamente por acaso deixou uma marca perigosa que pode ser significativa ou não. O inesperado é um fantasma que assombra todos nós... por mais racionais e organizados que sejamos, merda acontece... para o bem ou para o mal. Não tem como prevermos nada na vida, mas nem por isso não precisamos ter metas, pois quando nossos planos são bem traçados o inesperado pode ser amenizado, mas nunca deixará de ser transformador... e quando nossa se transforma é sinal que ainda estamos nela, só esperando o próximo passo.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Nossa casa é o nosso lar



Tempos atrás eu estava pensando nisso, e me veio à cabeça novamente. Existe diferença entre casa e lar? Pra mim existe todo a diferença. Embora para uma existir tenha que ter necessariamente a outra, não formam uma relação simbiótica... 

Quando estamos crescendo na casa da mamãe o que mais queremos, em condições normais de temperatura e pressão, é sair de lá e correr o mundo. O ser humano não foi criado pra ficar a vida toda no mesmo lugar, isso me soa muito deprimente. Nosso planeta é enorme, com milhões de possibilidades, todos deveriam ter o direito, pelo menos a vontade de conhecê-lo inteiro. Ficar na casa da mamãe é legal, mas não deveria bastar. Ficamos adultos, saímos de lá, finalmente, e vamos para outra casa. Aqui a diferença se mostra. Casa! casa é apenas casa... formada de paredes de tijolos e concreto. Há quem ame suas casas, que criam a ilusão de um lugar de memória, que atribui ao lugar físico algo que mexe com seus sentimentos. Mas não é isso... casa é um monte de pedra que não dura para sempre. Se ela não for habitada um dia cai. Lar! isso sim é diferente... o lar é feito de convívio, de amizade, de troca de experiência, de amor, etc. A memória que atribuímos a uma casa vem disso, das relações que construímos nelas. Os grandes momentos de nossas vidas não se constituem em uma parede, mas em nossas ações, com as nossas companhias. Quando mantemos uma boa relação com nossos entes aí sim criamos um lar. Muitos moram ou moraram em repúblicas, uns em mais de uma. É possível passar por uma casa dessas, morar por quatro anos e não tirar nada de proveitoso dela; mas pode passar por outra, morar lá por seis meses e construir uma rede de relações que levará para o resto da vida. Arrisco ainda dizer que é possível constituir um lar fora de nossas casas. Ficar parado no mesmo lugar sempre é depressão. Saia pelo mundo, explore tudo o que puder, não tenha medo de arriscar. Troque de oca quantas vezes for necessário, mas tente constituir um lar em cada uma delas... lares diferentes, que ficam pra sempre naquela parte de lembranças do cérebro, pois é isso que vale a pena. Casa, como eu disse, um dia cai... lar, quando é verdadeiro, dura eternamente.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Os historiadores são muito chatos

Eric Hobsbawm

Nós historiadores somos extremamente chatos, principalmente para os não-historiadores. Todas as vezes que vou para a casa dos meus pais e fico conversando com a minha mãe sobre o que eu faço, sobre o meu projeto de pesquisa e do quanto fico feliz quando encontro novas fontes ela faz aquela cara de contente, de superinteressada e que está entendendo tudo que eu estou falando, mas no fundo eu sei que ela não está nem aí. Ela não é a única, e nem a culpo por isso. Entre nós pesquisadores por mais que compartilhamos códigos e signos nos quais nos tornam pares de um ofício ainda somos chatos. Mas o que é pior de tudo isso é conseguir explicar para que serve o que a gente faz. Para nós, em nosso narcisismo acadêmico, sabemos exatamente a serventia de nosso trabalho. Sabemos mesmo? Eu adoro o que faço, há muito tempo venho estudando a escrita da história de Diogo de Vasconcellos (Diogão para os íntimos) e me divirto muito fazendo isso. Mas em uma ocasião sentado na mesa de um bar me perguntaram o que eu estudo e tive problemas em defini-lo de forma rápida, e pior... tive problemas de pensar a utilidade disso. É claro que se ficasse maquinando aqui na cabeça com mais calma eu diria que meu trabalho contribui para se compreender a formação da identidade/memória histórica de Minas Gerais, de como se deu a relação do mineiro com seu passado, bem como o processo histórico que fomentou as várias culturas políticas estaduais ao longo do tempo e blábláblá. Isso não é nenhum tipo de crise não e nem estou discutindo o papel social do historiador, isso é outro papo, mas afinal... compreender isso muda o que mesmo? Efetivamente muda muita coisa, mas só conseguimos perceber tais mudanças a médio e longo prazo. Ser historiador não é fácil, por mais que tenhamos zilhões congressos caros para participarmos e ler o nosso trabalho para várias pessoas que estão temporariamente interessadas naquilo que vamos falar ainda sim é uma profissãozinha pra lá de solitária (que dó!). Mas isso um dia vai mudar... ainda vou chegar em um boteco na minha saudosa Pindamonhangaba, pedirei uma dose de cana e vou trocar ideia com um pingaiada encostado no balcão sobre o uso social da obra de arte na formação dos Estados nacionais modernos na Europa. Hoje o Diogão é de interesse de poucos, e não sei bem o porque que eu estudo ele, mas se eu não tiver fé naquilo que eu faço, quem vai ter? Este post ficou uma bosta... não leiam isso não!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

As instituições político-culturais da península ibérica durante a expansão ultramarina e a “descoberta” do continente americano.

Vista do Largo do Paço (Jean Baptiste Debret, c. 1830). O Paço Imperial do Rio de Janeiro é o edifício do lado esquerdo do largo. Ao fundo vêem-se, da esquerda para a direita, o Convento do Carmo, a Catedral e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo. No centro, em primeiro plano, está o Chafariz de Mestre Valentim.



Estado, para António Manuel Hespanha, é uma entidade, que possui um poder, exclusivo, de coação legítima, e que organiza e executa os interesses públicos (HESPANHA, 1984). No entanto, a existência simples de um Estado, no sentido conceitual, não dá conta de explicar a sua real organização, assim como a sua efetiva ação para com o poder público, em prol de seus interesses. Dois tipos de organizações que foram fundamentais para uma união do território, principalmente do império marítimo português, segundo Charles Boxer, são o Senado da Câmara e as irmandades de caridade e confrarias laicas (BOXER, 2002).

Essas instituições, e suas ramificações se portam como elementos da fragmentação de poder não centralizado, ou seja, o Estado não tem um mecanismo de aglutinação do poder, nem no reino, nem nas colônias, e esses órgãos locais tinham como função suprir a falta de um poder superior que pudesse, então, estruturar a organização social. A partir disso, as relações de poder eram ainda mais divididas. Nas Câmaras existiam os homens bons, grupo formado por uma burguesia pré-capitalista, cuja função era ordenar as cidades do reino, quanto a tributações, expansão e manutenção do espaço urbano, etc. Ainda havia a representação da classe dos oficiais mecânicos, que na maioria das cidades formavam os Doze do Povo, que consiste em doze homens escolhidos para atuarem junto ao conselho municipal das cidades do reino. Ainda existiam em cidades como Lisboa, do Porto, e em algumas outras, a Casa dos Vinte e Quatro, que tinham a mesma função.

Não somente esse tipo de organização se mostra presente frente ao império. As formas de se administrar as colônias são semelhantes às de administração, guardadas as suas proporções. Estruturas essas, para o momento de expansão marítima, a partir do século XVI, podem ser estruturadas nas seguintes instituições de relacionamento e administrativa. Os vice-reis e governadores eram uma extensão do poder real, que não tinha condições de interferir diretamente na colônia. Eles muitas vezes detinham autoridade suficiente para alterar ordens régias caso essas não se aplicassem a uma localidade específica. Os donatários de capitanias, governadores gerais, e juízes seguiam a ordem hierárquica de administração, com um poder de decisões também fortes. E mais uma vez aqui se nota que o problema do distanciamento ainda interfere nesse nível de organização, isto é, mesmo com um governador-geral na colônia, tendo a América como referência devido ao seu território continental, alcançar a solução de um problema de caráter local ainda era distante a se tratar com o mais alto posto hierárquico administrativo.

Dessa forma, as Câmaras Municipais tinham como função, também, de um tribunal de primeira instância, em casos sumários, e para apelação passa-se por um Ouvidor, uma espécie de juiz da Coroa, ou pelas Relações coloniais, que tinha como função se portar como um tribunal superior. Nesse sentido, as formas administrativas nas colônias, seguindo o padrão metropolitano, também eram extremamente fragmentadas, em um momento em que os próprios “Estados” europeus ainda passam por uma estruturação interna.


Referências Bibliográficas

HESPANHA, Antônio Manuel (coord). Poder e Instituições na Europa do Antigo Regime. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1984.

BOXER, Charles R. O império marítimo português. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

as mãos do acaso



Recentemente ouvi uma frase que achei curiosa, mas que tem um forte conteúdo que eu discordo. A frase era algo parecido com “deixar nas mãos do acaso”. Por definição “acaso” é aquele acontecimento imprevisto, que vem com a casualidade e por vezes depende da sorte para ocorrer. Acho muito arriscado deixarmos que as coisas aconteçam conforme a vontade do acaso. Deixar as ações se resolverem a nossa revelia não me parece ser uma opção justa. Não acredito em destino, que as coisas ocorrem porque há uma força maior que guia nossa vivência... não! isso é uma idiotice. Mas eu acredito que nossas vidas podem mudar a partir de sensações. Estamos em contato com a natureza, com as pessoas e conosco mesmos e essa constante relação nos provocam reações, essas sim, inesperadas. No entanto, essas tais reações não têm nenhum tipo de poder se tivermos, mesmo que seja ínfimo, o controle de nós mesmos. O acaso só existe quando estamos no sofá de casa assistindo um jogo de futebol e de repente temos um “insight” seja lá sobre o que for. A coisa acontece ao acaso quando não temos nenhum tipo de ciência sobre ela. Mas quando se trata de vontade, de necessidade e daquilo que seremos não podemos relegar tudo ao acaso. Coitado, ele já tem coisas demais para pensar... deixar nossas vidas nas mãos dele é muita coisa. Em inúmeros casos temos que fazer escolhas que somente nós podemos fazer... o inesperado não tem nada a ver com isso. O que queremos ser, onde ir, com quem queremos conviver são escolhas nossas. Em algum momento o acaso agirá, afinal quando escolhemos algo não sabemos onde chegaremos, aí o acaso toma conta, mas para isso temos que fazer decisões prévias, devemos dar cara a tapa, devemos ouvir nossos corações e seguirmos pelo caminho que acreditarmos que será o melhor para a gente. Aventurar em terras estrangeiras em um intercâmbio incerto pode ser interessante, mas redescobrir o que tem em nosso quintal às vezes pode ser uma experiência incrível. Nem todas as decisões que um homem deve tomar para a sua própria vida têm que ser benéficas imediatamente, e muitas vezes só nos damos conta disso muito tempo depois. Avançar ou abortar uma ação deve ser uma escolha nossa e não de uma força abstrata, porque vivemos o real e não o acaso.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sempre imagine mais!!


SE EXISTE UMA BOA COISA ARTIFICIAL sem dúvida é a imaginação. Quais são os caminhos que ela percorre? Talvez a estrada de tijolos amarelos; ou a Floresta Negra; talvez um que passe bem perto do Ermo do Lampião. A imaginação está nas penas do mais erudito dos historiadores, nas partituras do mais intimista dos músicos, ou nos cautelosos movimentos do mais intrépido ator. A imaginação está em todos os lugares e em todas as pessoas. No entanto, na maioria das vezes ela fica lá escondida, sem dar o ar de sua graça. Ela vive estocada no fundo de uma gaveta escura e úmida, ou anos a fio em uma estante empoeirada... ali parada com muitos olhos a observá-la, mas com nenhum toque corajoso para enfrentá-la. Até na hora de contarmos a mais pura das verdades a imaginação aparece para embelezar o relato. Ela tem uma relação dúbia com a verdade... uma hora ela se alia ao fato para enriquecer o inegável... uma hora o inegável é a própria imaginação, sendo o fato todo apenas fruto daquilo que não poderia ter acontecido. A questão é que nada disso importa. Todo indivíduo dotado de inteligência deveria exercer a sua imaginação, fazer perpétuos contratos com o fantástico. Cada parte de nossa experiência no tempo e no espaço é um mero produto de decodificações de informações processadas pelo cérebro. Cada pessoa vê as cores em tons diferentes, sente calor em diferentes intensidades, ou escuta sons em diferentes frequências. A natureza existe ao mesmo tempo em que é apenas um jogo de significantes e significados, representações delas mesmas... afinal, as árvores por definição são todas iguais, mas na “realidade” isso acontece?  Não há idade ou gênero para a imaginação. Umas são mais inocentes do que outras? É claro que sim, mas todas fazem sentido em um determinado auditório. Temos que ler mais livros, assistir mais filmes, escutar mais músicas, fazer as nossas próprias representações da realidade, seja ela verdadeira ou não. Os homens estão sonhando cada vez menos, e isso faz com que Fantasia seja consumida pelo Nada... e quando isso acontecer definitivamente, no momento em que a Torre de Marfim sucumbir, as coisas deixarão de fazer sentido e nos tornaremos mais burocratas do que os Vogons, e nunca mais pediremos corona pelas galáxias! Aí a vida acaba! Descansem em Paz...

domingo, 16 de dezembro de 2012

Nem sempre pão ou pães é questão de opiniães

Gravura medieval que representa um professor ensinando a arte
da "disputatio", uma das mais importantes peças da retórica escolástica

Acredito profundamente que há uma linha tênue entre a opinião estruturada e a ignorância deliberada. No entanto, essa é uma diferença que apenas com um microscópio podemos perceber. Evidentemente que em uma sociedade política não existe a possibilidade de homogeneização de pensamento, não há topoi que consiga de forma harmoniosa condensar todas as ideias e fazer com que todos partilhem... o que é significativamente positivo. Mas deve-se observar que hoje, de forma potencializada pelo rápido acesso a informação, de qualidade ou não, existe mais um descompasso de ideias do que divergências propriamente ditas. O que quero dizer com isso? Divergências PARA MIM se dá muito no âmbito do diálogo, do debate acerca de um determinado tema. Uma questão é exposta e os indivíduos supostamente inteligentes tentam de alguma maneira chegar a um denominador comum. Esse é um processo desgastante, que exige muito esforço das duas partes, mas que em determinado momento se entenderão, o que não quer dizer que vão concordar uns com os outros. Mas o descompasso EU entendo como preguiça de pensar. Essa preguiça acontece no momento em que o preconceito e a desinformação passam a dominar o pensamento de um indivíduo. PSDBistas são incapazes de admitir que o governo da Dilma é bom; os Machos Alfas da sociedade não têm maturidade intelectual para compreender que a adversidade existe, sempre existiu e que não é (nem de muito longe) um problema para a sociedade patriarcal ruralista cristã conservadora; as “torcidas organizadas” confundem paixão por um esporte com violência, depredação e desrespeito com a torcida adversária, organizadas ou que só gostam do bom futebol O pior é que dentro desse “descompasso” os pensamentos nem sempre são naturais... há muitos discursos fabricados especialmente para determinados assuntos. Seja para criar polêmica, seja para provocar uma situação constrangedora, seja por autopromoção, há opiniões que são tão cretinas que é inconcebível que uma pessoa do século XXI acredite naquilo. Disse e repito... não é questão de todos concordarem, isso seria realmente entediante, mas a razão e a coerência devem tomar lugar do preconceito e da ignorância.

Cappucino Picante



Ingredientes

1 pimenta dedo-de-moça pequena, bem picada e sem sementes
1 xícara (chá) de açúcar
3 claras
1 litro de leite
6 colheres (sopa) de chocolate em pó
2 colheres (sopa) de café solúvel


Modo de preparo

Em uma panela, misture a pimenta com o açúcar e uma xícara (chá) de água.

Leve para ferver, sem mexer, até obter uma calda em ponto de fio.

Enquanto a calda se forma, bata as claras em neve. Não desligue a batedeira e despeje a calda em fio. Bata até que a tigela da batedeira esfrie.

Está pronto o marshmallow.

Em uma panela, misture o leite com o chocolate em pó e o café solúvel até ficar homogêneo.

Leve ao fogo médio até ferver.

Sirva em canecas com o marshmallow.

Rendimento: 4 porções
Tempo: 60 minutos

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O "monarquismo" e o passado que não passa


ONTEM À NOITE enquanto eu estava fazendo uma pesquisa na internet sobre os partidos e movimentos monarquistas que surgiram depois da proclamação da República no Brasil me deparei com um blog muito “interessante”, do Partido Monarquista Parlamentarista Brasileiro (http://partidomonarquista.ning.com/). Um movimento atual que visa, assim como eles mesmos dizem, “resgatar valores morais e éticos da nobreza!”. Uma iniciativa muito curiosa se formos ver com os olhos democrático-republicanos de 2012. Assim como Carlo Ginzburg já bem nos disse, quando estamos na internet clicamos em um link aqui, achamos outro ali, que nos leva em um site acolá... e eis que me deparo com o Instituto Brasil Imperial (http://www.brasilimperial.org.br), uma organização “histórico-cívico-cultural” que tem trabalhado muito no campo do estudo e divulgação do Brasil Imperial e da família Orleans e Bragança (http://www.monarquia.org.br/) que orgulhosamente ostentam o título de Família Imperial Brasileira. Ontem mesmo fiz uma brincadeira aqui no Facebook postando uma imagem que defende fielmente o retorno do regime monárquico no país. A princípio eu pensei que talvez isso fosse o auge da ignorância política, concordar com um retrocesso de 123 anos. Talvez o seja, mas ao somarmos com a estapafúrdia vontade de uma grande militância de direita em querer restaurar a ARENA, o assassino partido do regime monstruoso-militar brasileiro, bem como uma onda política de caráter extremamente religiosa, que é muito mais intensa daquela do Partido Católico Mineiro, natimorto em 1890, vemos que hoje há uma crise do passado político nacional. Não sei ao certo se o passado está “ressurgindo” ou se ele ainda não passou. O fato é que a História ainda não conseguiu resolver problemas ligados à tradição e que insistem em se manter vivos no ideário de nossa sociedade. No caso da monarquia não acredito no poder político de quem acredita nisso, mas eles são um expressivo sintoma de um pensamento conservador reacionário que a cada dia que passa fica cada vez evidente no cenário político nacional e tumultua aquilo que vou chamar de “progresso” do país. Mais do nunca vejo a importância da História e dos historiadores na ingrata tarefa de solucionar um passado conturbado, que cada vez mais toma conta e ofusca nosso já sofrível presente.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O 7 de outubro de 2012

charge de Alfredo Storni, de 1927, que satirizava o "voto de cabresto", comum durante 
o período da República Velha em que o voto era imposto e controlado pelos coronéis.


As urnas são computadores com joguinhos do Facebook. São instrumentos importantíssimos para a definição do futuro próximo da política de administração pública em nosso país. Eu sei que a obrigatoriedade do voto no Brasil é quase uma releitura do “voto de cabresto” do início do século XX, mas nem por isso deve ser tratado com descaso. Muita coisa está em jogo, tais como a possibilidade de melhoria da educação, da saúde, da urbanização, de possibilidade de trabalho e outros DIREITOS do povo. Não cabe a nós cidadãos usarmos o instrumento do voto para nos prejudicarmos, com o cretino argumento do voto de “protesto”. O protesto deve ser feito nas ruas, nas portas das câmaras, nas praças públicas... nesses lugares sim, aí o povo tem o direito e o dever de cobrar os seus representantes. Rousseau em seu famoso (porém esquecido) “Do Contrato Social” diz que em uma democracia representativa o povo tem o poder de eleger e derrubar qualquer um das instâncias administrativas. Não é votando em palhaços, dançarinas de funk, e “super-heróis” fantasiados que conseguiremos mudar a situação politicamente calamitosa em nosso país. Na verdade isso apenas prejudica. O voto de “protesto” que mais parece um voto de “preguiça” é uma excrescência. Quem o faz não tem o direito de reclamar de nada, porque quem faz uma coisa dessa não está preocupado com o bem da nação. Quando querem que alguém vença o “Big Brother” ou “A Fazenda” o voto sempre é bem pensado, mas quando se trata de escolher vereadores, deputados, prefeitos, governadores e por aí vai, nem sempre se pensa no que realmente o candidato pode fazer por nós. Dia 7 de outubro não é dia de “festa da democracia”. Dia 7 de outubro é dia de escolher quem queremos que cuide de nossas cidades pela gente. São esses homens e mulheres que durante 4 anos vão tomar decisões por nós, serão nossos olhos, bocas, narizes, ouvidos e braços. Eleições não são brincadeirinhas; não é a mesma coisa de votar no casalzinho caipira da festa junina, ou no gol mais bonito da rodada. O Brasil não vai melhor com críticas nas redes sociais... o Brasil vai melhor quando nós, eleitores, tomarmos consciência que o voto faz sim a diferença. Portanto, vote sério, em quem você realmente acredita... e cobre diariamente quem está na câmara defendendo o seu bem-estar.

domingo, 19 de agosto de 2012

19 de Agosto: dia do Historiador


Hoje é dia do historiador. É apenas um dia qualquer, não tem nada de especial... não é feriado, ninguém vai soltar rojões na rua, não haverá reportagem especial no Fantástico e ninguém ganhará presentes em tributo. Não, hoje o domingo será igual aos outros. Quem não são iguais são os historiadores. Homens e mulheres que se dedicam a explorar lá nos fundos dos mais escuros arquivos a experiência do tempo. Parabéns a todos nós!

domingo, 5 de agosto de 2012

O desafio biográfico: uma entrevista com François Dossê


Debate: A biografia é um gênero que durante muito tempo foi deixado de lado pela escrita da história em espaços acadêmicos, mas segundo Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves ela "resistiu e triunfou". Segundo a historiadora, o início do século XXI foi marcado por um crescimento de obras que se preocupam com as biografias, mas não apenas como um relato de vidas, mas como problema histórico. Benito Bisso Schimidt, por sua vez, tem pensado as formas de se trabahar com a biografia no campo da historiografia levando em consideração a construção do tempo histórico, em suas dimensões diversas, compreendendo as experiências homens e mulheres do passado e à escrita biográfica. Propõe que articular na narrativa as múltiplas temporalidades é o problema daqueles que querem escrever uma vida, se esvaziá-la de sua densidade histórica. Compartilhamos aqui uma entrevista de François Dossé, na ocasião do lançamento de seu livro "O desafio biográfico" (2009), em que ele discute os desafios para o historiador em escrever sobre a vida de alguém sem apenas descrever fatos sobre o biografado. Este sem dúvida é um gênero sofisticado e, que a cada dia tem fomentado importantes debates entre os historiadores.

E você, quais são suas impressões sobre o fazer historiográfico e a escrita biográfica?

sábado, 28 de julho de 2012

Café mexicano


Ingredientes:


60 ml de café expresso

30 ml de tequila

quanto baste de chocolate meio amargo em raspa(s)

quanto baste de canela em pau

As velhas pessoas...


AS VELHAS PESSOAS sempre trazem um sentimento ambíguo quando por acaso, ou nem tanto, nos encontramos novamente. As velhas pessoas nos despertam uma felicidade por nos proporcionar mais algumas horas de conversa e de atualizar a ficha, mas ao mesmo tempo as pessoas velhas carregar o poder da tristeza por fazer daqueles momentos apenas episódios rápidos de nossa vida, e de nos fazer lembrar dos tempos de outrora que só depois de muito tempo vemos que não é possível reconstituí-los. Mas quando as velhas pessoas se encontram nos velhos lugares devolvem o brilho que mudou de foco. Ao mesmo tempo em que é esquisito andar pelas ruas e cumprimentar três ou quatro que você não via há anos, também é muito bom por trazer imediatamente à mente fragmentos de nosso passado que foi muito importante para o nosso crescimento. Não podemos nos esquecer que, assim como Marc Bloch nos disse, somos homens de nosso próprio tempos, vivemos um espaço de experiência e horizontes de expectativas construídos a partir de nossa realidade e temos que ter isso em mente... se lamentar pelo passado que já passou não tornará o presente melhor; são momentos diferentes, outros passados estão alojados no futuro e é pra isso que vivemos, para que o pretérito seja infinito. Mesmo assim, quando trombamos com as velhas pessoas outras tantas vem à mente, tanta coisa que coisa que a gente fez ou deveria ter feito, ou talvez não devesse. Esse é o lado humano da história, isso é a vivência da história. A história escrita, aquela acadêmica é outra, não tem nada a ver com isso... a escrita da história é uma espécie de resposta ao nosso mundo, mas sentir a história e os efeitos que ela tem na gente, e digo de nossa história vivida, nossa experiência no mundo, isso inevitavelmente nos angustia sobremaneira. Esbarrando na rua com o passado que anda, fala, come, bebe cachaça é que nos faz dar conta de que nossa passagem no mundo não vale absolutamente nada sem essas velhas pessoas que vem e vão à nossa revelia.

terça-feira, 22 de maio de 2012

A falência da imprensa (Parte 2)

Mais uma vez utilizo este espaço para tecer algumas críticas ao jornalismo brasileiro. Não tenho nada contra a profissão nem mesmo contra os profissionais, muito pelo contrário. Uma das minhas maiores fontes documentais são jornais, e hoje eu conheço estudantes de jornalismo que são pessoas muito boas e competentes. Mas como em todas as profissões sempre tem um grupo que se destaca pelo mau serviço prestado a sociedade. Na História podemos encontrar um monte, e no jornalismo também.

Assista o vídeo abaixo:


Com toda certeza esse é um grande exemplo do que há de pior na televisão brasileira hoje, e que possuí um enorme espaço na grade de programação nas principais emissoras de TV aberta. A ordem do dia é explorar a desgraça alheia, menosprezar o indivíduo e vender em cima disso. Uma análise de caso. Essa repórter ou apenas uma mulher que faz o papel de repórter. Fica de plantão na porta de uma delegacia pronta para filmar e “entrevistar” um suspeito de cometer um crime. A vítima é um rapaz aparentemente de baixo poder aquisitivo, que é detido, a princípio, por furto – crime pelo qual ele NÃO nega a autoria -. Sem nenhum tipo de prova contundente a mulher o acusa de estuprador. O suspeito, então, nega a acusação e se sente extremamente envergonhado por tal acusação, e chora ao se defender e apelar para que sua família intercedesse por ele... o que é um prato cheio para que os “produtores” do “programa” inserisse uma vinheta com os dizeres: “Chororô na delegacia: acusado de estupro alega inocência”. Sem contar o escárnio da mulher para com o acusado, ridicularizando-o por dizer que exame de próstata é aquele realizado para saber se uma mulher foi estuprada ou não, tira sarro de sua baixa instrução.

Não estou aqui para defender a inocência do cara ou não. O que está em jogo aqui é o efetivo papel da mídia no que tange ao acesso de informação para a população. O ato de reportar uma notícia, de incitar a competência da reflexão dos telespectadores frente ao acontecimento é totalmente deixado de lado nesse tipo de jornalismo sensacionalista. O foco é único, o de tripudiar sobre a tragédia. O criminoso deve ser preso e pagar pelos seus atos de acordo com os preceitos da lei. Mas, uma emissora de TV despender horas de sua programação para notificar esse tipo de acontecimento é patético. Hoje estamos enfrentando uma série de eventos políticos e sociais de extrema importância, tais como os escândalos políticos envolvendo “grandes” nomes da política nacional e empresas midiáticas de larga circulação, bem como 41 universidades federais em greve; mas esses problemas perdem espaço para uma jornalista estúpida rindo de um indivíduo já preso, ou para a bombástica revelação da Xuxa, sobre o fato dela ter sofrido abusos sexuais na infância, ou seja, há 40 anos.


Não apenas isso. Christina Rocha e seus “Casos de Família”. O que é aquilo? A primeira vista parece ser um programa com “conflitos” armados de tão incríveis e absurdos que são. Mas a armação perde espaço para a exposição das pessoas que estão envolvidas, bem como pela forma que é explorado pela televisão. Sem sombra de dúvida discutir temas familiares de extremo constrangimento em rede nacional não é a coisa mais decente de se fazer. Vários grupos lado a lado discutindo assuntos absurdos perante a uma plateia que está o tempo todo “julgando” os atos daquelas pessoas, tendo a apresentadora como uma espécie de mediadora que emite opinião o tempo todo e no final tem uma devolutiva de um psicólogo que traça um perfil dos participantes... tudo isso intercalado por uma série de propaganda dos mais variados produtos inúteis ao ser humano normal. A dignidade do ser humano é toda jogada no lixo.

Programas do Ratinho e do Leão seguem a mesma linha de um sensacionalismo e da exploração do ridículo que é constrangedora. É uma confusão de elementos, que misturam crítica policial, com casos de família, vida de pseudocelebridades, com musicais bregas e tudo que de mais bizarro que se possa ser transmitido em um programa televisivo.

Tirar esses programas do ar soaria como uma espécie de censura, o que deve ser evitado ao máximo. O direito de opinião deve ser respeitado acima de tudo. No entanto, há certo tipo de manifestação que foge ao bom senso, e sem dúvida Datena e Cia estão entre eles. A televisão não é lixo, e jornalismo não é simples entretenimento. As programadoras viverem de pão e circo é degradante. Além de expor a vida de brasileiros e brasileiras, ganhar com a tragédia alheia, ainda fere o senso de bom gosto do cidadão que está assistindo TV, que a tem como uma válvula de escape para a vida cotidiana que já é tão estressante.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quais são os limites da responsabilidade?


Marcha pela Educação, Ouro Preto-MG (17/05/2012)

Quais são os limites da responsabilidade? Quando nós, como agentes, devemos intervir em nossa realidade e assumir posturas que podem definir o destino de alguma coisa? Em muitos aspectos do cotidiano manifestar-se de forma isenta e distanciada é a melhor forma de se mostrar. Tecer opiniões é uma das capacidades mais fáceis do pensamento humano. A gente fala o que pensa e tá bom, nos posicionamos frente a um problema qualquer. Na maioria das vezes se cobra para que o outro faça o mesmo. Sempre é muito grande a indignação com relação àquele que sempre fica em cima do muro, ou que simplesmente ignora a discussão. Criticar o alienado é fácil. Omitir um juízo de valor positivo a problemas sociais, quando eles não nos atingem, também não é das coisas mais pesarosas de fazer. Coletividade, união e força! Esse é o discurso da democracia, todos juntos somos fortes. Até que chega o momento em que se precisa fazer valer aquilo que publicamos no Facebook para nos autopromover. Ao despertar um problema que realmente afeta a coletividade esse discurso começa a se diluir ao passo que se aproxima de nossa realidade. O coletivo quando afeta os interesses individuais começa a ser tratado não mais como um direito, mas como um retrocesso, como estagnação ou simplesmente como algo prejudicial. Temos medo de por a cara à tapa e assumir a responsabilidade de ir à luta e defender interesses que imediatamente nos prejudicam, mas que no futuro trará benefícios, mas que poderão ser questionados de acordo com a realidade daquele momento. Somos peça da sociedade. Ela não existe sem a gente, bem como a gente não existe sem ela. Vamos sempre nos acovardar perante aos problemas que batem a nossa porta? Pensaremos apenas em nossas causas particulares e esquecer o bem comum? Ninguém é obrigado a concordar com isso, todos têm o direito ao egoísmo, eu em muitos casos também sou. Mas quando se é, tem que deixar claro isso. Quando formos fazer propaganda de nós mesmos temos que aprender a guardar a demagogia na gaveta e dizer que só importamos conosco, que o interesse geral não importa e que queremos apenas nos beneficiar. Isso mais honesto, essa é a atitude um ser humano responsável. O covarde se omite, defende algo que não acredita, se voluntaria na alienação. Estamos passando por uma tempestade. Escolha se quer ir para o mar ou ficar no continente. Seja qual for a sua escolha FIQUE, seja responsável e honesto; e quando a tempestade passar se mantenha por lá. Os princípios de um homem formam o seu caráter.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Guia de como fazer café

A imagem que compartilho abaixo é genial. Um bom quadro com diversas formas de preparar um bom café. Sugiro que ela seja testada junto com os amigos, em uma conversa agradável na sala e em tempos de calmaria. Tomar café sozinho pensando na vida é gostoso, mas com uma boa companhia é sempre melhor.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Macchiato



O Macchiato, que significa algo “manchado”, é um Espresso com uma camada de leite vaporizado. À primeira vista, é muito parecido com um Cappuccino pequeno, mas, apesar dos ingredientes serem idênticos aos usados na confecção do Cappuccino, um Macchiato tem um sabor muito mais forte e aromático.

Ingredientes:

1 dl de leite;

grãos de café;

Açúcar e/ou cacau em pó (dependendo do gosto);

Chávena para Espresso (cerca de 70 ml).


Preparação:

Vaporize o leite directamente na chávena do espresso;

Coloque a chávena debaixo da saída do café e tire o espresso;

Polvilhe com cacau em pó.

domingo, 13 de maio de 2012

Parabéns mamães!


Hoje é um dia mais do que especial, mas também é apenas uma data... nada mais do que isso. Dedicamos o segundo domingo de maio para homenagear aquelas que não deveriam ser homenageadas, mas cultuadas. Todas as mulheres são especiais, a coisa mais preciosa que existe no mundo, mas têm aquelas que são muito mais do que isso: as mamães. São elas as pessoas mais incríveis que possamexistir; nos carregam por 9 meses antes da gente nascer, nos dá carinho, amor, proteção, segurança. As mães são mágicas, elas tem o poder de cura... apenas um beijinho é suficiente para cicatrizar qualquer machucado, e com sua voz de elfa, fazendo a gente ninar, soa calma no fundo de nossos corações. As mães são aquelas que nos aguenta a vida toda, brigando com a gente, fazendo tudo para o nosso bem... mesmo que não entendamos de imediato, mas sempre (nem sempre, vai) faz sentido. As mães, coitadas, sofrem bullying o tempo todo, desses filhos ingratos... sofrem trotes diários e não reclamam. Ouvem quanto tem que ouvir, dão porrada quando tem que dar. Carinho de mãe é o mais reconfortante, fazendo cafuné com toda a paciência no mundo. O que seria de mim sem a minha mãe? muito provavelmente nada. Quando eu vou pra casa nas férias, em uma semana ela faz tudo o que eu quero, mas depois já começa a perguntar quando eu vou embora, mas sempre fica triste quando vou embora. Mesmo assim fica feliz com o filho encaminhado (me achei agora). Não esquecerei nunca o dia em que ela e meu pai me deixaram em Ouro Preto, no dia 5 de novembro de 2006, entrando no carro chorando, querendo voltar pra me levar de volta... hahaha.

Todas as mães são especiais, mas a minha é mais. A dona Lourdes deveria ganhar um prêmio por me aguentar, e por me fazer também, afinal eu sou um espetáculo. Mãe! mesmo tão longe você é a pessoa mais importante de minha vida, e devo muito a senhora por isso. Obrigado por tudo que já fez por mim e que ainda vai fazer... me salvando dos perigos e dando dicas na cozinha. Mãe, te amo muito!

Um feliz dia das mães para todas da timeline, e um mais do que especial para a minha.

sábado, 12 de maio de 2012

A xícara de café, a arte de historiar e o problema do sentido da história




Não há nada mais indefinido do que os caminhos da História. Todas as vezes que esperançosos para o passado encontramos por lá as mesmas obscuridades do futuro, e essa é a magia que o tempo nos proporciona: a possibilidade dele sempre ser explorado e nunca fechado. Os usos do passado definem quem somos e o que seremos, permite alcançarmos lugares inimagináveis, e projetar mais do que achamos que somos capazes, e na maioria das vezes, depois de muito empenho, conseguimos isso. Não é à toa que ela ainda exista e possibilita que ainda possa ser estudada. Os homens do presente sempre têm mais questões e caminhos para se traçar via passado.

Ao contrário que muitos leigos acreditam, a História é muito mais do que apenas conhecimento de curiosidade, de anedota para ser contada no balcão de um bar. A História constrói e carrega a identidade e essência de um povo; traz consigo a forma de transformação de uma sociedade, de revoluções de uma geração. A História é uma disciplina, uma ciência e em grande medida não deixa de perder o seu caráter de arte.

O historiador, esse sim, em meio às suas anotações, livros, angústias, ideias e infindáveis xícaras do mais forte e encorpado café é muito mais do que apenas um pesquisador e professor. O historiador é um mago, que com seu caldeirão mágico revela imagens que ninguém mais pode. Ele é o mestre da palavra, o senhor do tempo, a voz dos esquecidos. A história escrita, o produto de sua feitiçaria, é também muito mais do que um monte de datas e nomes importantes... ela é o mundo! tanto de fantasia como de realidade... é uma mistura do que foi e do que poderia ter sido.

Nos últimos tempos tem sido muito debatido uma questão que vem me interessando muito: Como transformar a História em uma disciplina que “faça sentido” não apenas para os investigadores do tempo, para toda a sociedade. Talvez este seja um problema para outras gerações resolverem, mas é preciso que a nossa tome consciência dela. Antes de qualquer coisa, o próprio historiador precisa ter respeito por ela. Vejo cada dia que passa o crescimento da displicência dos estudiosos com ela, tratando-a de qualquer jeito; alunos universitários que não fazem a menor ideia do que estão fazendo, do porque estão em um curso como o de História. O próprio profissional tem que ter mais respeito pela disciplina e assim começar a traçar estratégias para ela “faça sentido” e não só para nós mesmos; afinal, só eu entender sobre o que eu faço é bem chato (e isso está se tornando muito verdade).

Outro passo que acredito ser fundamental para que a História “faça sentido”, e esse até mais interessante, é a “massificação” da História, não no sentido da produção em larga escala de artigos, capítulos, livros, anais e blá blá blá... A História precisa chegar ao grande público. Para isso os meios de comunicação como a televisão, o rádio e principalmente a internet devem intervir junto com os historiadores para que isso se efetive. Cada vez mais eu vejo a importância que um blog, uma fanpage no facebook, uma conta no twitter pode fazer para a propagação de ideias e informações; e os profissionais do tempo devem aprender a se relacionar com isso. Mais programas fixos sobre história (mas não apresentados pelo o Ricardo Bueno, mas por um historiador sério e de verdade) deveriam ir ao ar na TV. Por que física, química e matemática desperta mais interesse? Nunca vi o Mundo de Beakman fazer um episódio explicando os métodos de um historiador, ou o Globo Ciência dedicar um mês para falar sobre os Arquivos do país. A História não “faz sentido” para o grande público porque está longe dele, e não há profissional que aguente ser menosprezado, e até mesmo pelo seu próprio governo, por fazer um trabalho tão importante, mas que ninguém conhece; muito mais pela falta de incentivo do que vontade... afinal, quem não quer ser um Best seller?

Mas mesmo com todas essas adversidades que a História e os historiadores enfrentam ainda sim o mundo precisa de nós. Bom seria se os profissionais de hoje fossem mais atuantes, se a sociedade visse-nos como uma peça fundamental para o seu entendimento e formação. Mas o SE não existe na História (tudo bem, tem aquelas mentirinhas que todo mundo conta), no entanto, ela se constrói com a ação de homens, mulheres, guerreiros, reis, sapateiros, professores, garis... seres humanos. E todas as ações acontecem no presente. Por isso, aproveite o seu, faça boas ações, viva da melhor forma possível... Não vale a pena gastar a única chance que tem. Faça amigos, namore, trabalhe, estude, beba café... faça a sua história.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Tuitando uma novela: a solitária interação nas redes sociais


Meu post é baseado em uma matéria que eu li mais cedo no Observatório da Imprensa, que me fez pensar um pouco. Mais uma vez eu venho falar da questão dos avanços tecnológicos que surgem para o bem e para o mal. Na reportagem, o autor comenta a questão de como hoje o indivíduo criou o hábito de usar as redes sociais ao mesmo tempo em que assiste televisão, e junta uma coisa com a outra. Venho percebendo muito em minha vida, principalmente depois que eu passei a morar sozinho, e a internet passou a ser um dos meios de interação com o mundo exterior.

Televisão e internet é um dos principais passatempos do solteiro, principalmente em dias de semana, em que as festas ficam por conta dos desocupados. Essas duas plataformas – TV e net – se juntam, sobretudo, durante a noite em que a carga de trabalho diminui bastante e podemos cultivar o ócio de maneira mais reconfortante. Antes do Facebook e do Twitter, aquelas duas plataformas era separadas uma da outra. Enquanto se estava pirando na internet, principalmente no MSN, não se ficava muito preocupado muito com ver TV, e vice-versa. Hoje a graça é interagir com as duas.

Uma das coisas que proporciona isso é a facilidade de locomoção do computador. Hoje a tendência é cada um ter ser próprio computador, seu laptop que pode ser levado para todos os lugares. Quando eu morava na Calangos tinha o meu enorme desktop na minha mesa, que ficava lá no quarto, hoje com a minha pequena casinha não tenho mais aquela mostruosidade, e a TV fica aqui do meu lado. Ao assistir alguma programação é quase que inevitável os comentários na internet. Pela velocidade da coisa o Twitter é a rede social que mais se utiliza. Com as hastags se pode conectar com outras milhares de pessoas ao redor do mundo que está comentando a mesma coisa que você. Segunda-feira foi incrível a velocidade que o Top Tweets do Brasil teve a hastag #QueReiSouEu quando a novela reestreou no Canal Viva, e eu postei isso antes de entrar no TT. O diálogo com a programação ao vivo também ficou bem mais direto, principalmente a programação esportiva. Alguns canais são precários (sente só termo) e AINDA utilizam o Email (que há cinco ou dez anos era o fino da bola) como forma de interagir com o telespectador, mas outras usam o Facebook, o Twitter e, no caso particular da ESPN, um mural no próprio site do canal para que aqueles que estão assistindo ao vivo a programação possa enviar suas perguntas e comentários, que são lidos no ar... e eu já tive a minha lida, é bem legal. O “Você Decide” e as ligações 0900 já são coisas pré-históricas.

Essa interatividade eu acho muito legal e interessante. Ela dá uma sensação de inclusão, de que você faz parte de um mundo que compartilha ideias, que tem sensações similares, e faz você se identificar com aquilo. Mas ao mesmo tempo gera um campo de força um pouco solitário. O ato de assistir televisão é particularmente individual, por mais que se possa tornar uma sessão de filme um evento social, a experiência que você tira daquilo é extremamente particular, o que se agrava quando falamos do computador. A HP tem um interessante slogan: “o computador nunca foi tão pessoal”, e é verdade. Recentemente eu estava na Calangos, e na sala de casa todos vendo TV e cada um com o seu computador no colo, e o que é mais bizarro um mandando mensagem para o outro no Facebook. Então, por mais que as redes sociais possibilitem essa interação ela é mais fictícia do que real. Hoje tenho cerca de 250 “amigos” no Facebook, e garanto que pouco mais de 10% me cumprimentam na rua. O que se faz no computador fica no computador, menos as fotos da Carolina Dieckmann (foi mal a piada).

Nossos olhos estão fixos em múltiplas telas ao mesmo tempo, televisão, computador, celular, do que seja. Interagimos com o mundo constantemente através das redes sociais, mas experimentamos pouco a realidade. As redes de informações causam-nos uma sensação de pertencimento, de inclusão, mas não passa de uma ilusão controlada por nós mesmos, que por um lado trás um conforto, mas de outro aumenta a solidão frente à tecnologia.



quinta-feira, 10 de maio de 2012

Pra que lado foi a Direita?

Geraldinho, Serrinha e Aécinho


Qual é o efetivo problema em ser de direita? A princípio nenhum. Bem como sabemos na teoria os sistemas políticos, as medidas econômicas, as ideologias quaisquer sempre têm lá a sua lógica. Ser direita não é todo ruim... ruim é ser de uma direita rasa. Lembro-me um caso curioso relacionado as eleições para o Centro Acadêmicos de História aqui na UFOP lá pelos idos de 2007 em que haviam duas chapas disputando, o que se tornou raríssimos nos últimos tempos, uma de “esquerda”, e outra de extrema direita. Enquanto os primeiros estavam preocupados com o espaço de representação na Universidade, melhoria das condições do ensino dentro do Instituto, de uma otimização da grade curricular; os segundo não propunham nada, estavam muito mais preocupados em fazer com que Coca-cola voltasse a ser vendida na cantina do ICHS, proibida pelo falecido diretor Prof. Ivan Antônio de Almeida, por questões que envolviam a saúde dos alunos. O papel da “oposição” ali era apenas o de tumultuar, o que não é muito diferente do que está acontecendo com a nossa política nacional atualmente.

Do que fizeram da direita brasileira? Até a entrada dos anos 2000 era ela quem comandava o país, os grandes nomes do poder vinham do PSDB, do antigo PFL (hoje DEM), do PP e por aí vai. Fernando Henrique Cardoso era amado e idolatrado, a dupla Covas e Alckmin era o exemplo de governabilidade, enquanto o PT (cabeça da oposição) era o grupo comunista que ao tomar o poder instauraria a ditadura de esquerda em nosso país, me lembro direitinho o meu pai me dizendo isso quando era mais novo. Coitado, acabou virando um péssimo doutrinador. Dez anos depois da eleição do Lula para a presidência da República o cenário é abismalmente o inverso. O PT assumiu o poder e soube muito bem controlar a situação, promover melhorias efetivas na questão social (AINDA FALTA UM MUNDO PRA SER RESOLVIDO), não instaurou a ditadura esperada pelo meu pai e transformou a direita inabalável em um bando de corneteiros perdidos. Como disse Valdo Cruz: “dá dó”.

Roberto Freire vacilão

Essa semana teve o patético episódio do deputado Roberto Freire (PPS-SP), que caiu na pegadinha do site humorístico G17, em que afirmava que a presidenta Dilma teria mandado o Banco Central imprimir nas cédulas do Real a frase “Lula Seja Louvado”. O deputado biruta então publicou em seu Twitter: “Isso é uma ignomínia! Dilma pede e B. C coloca em circulação notas com a frase 'Lula seja louvado'". É muita falta de atenção pra uma pessoa só. Agora tem a questão da mudança das regras para caderneta de poupança, dos cortes de juros da Caixa Econômica, que será seguido pelo Banco do Brasil. A direita defende o corte de juros para aqueles que investem em aplicações financeiras, tais como fundos de investimento, e não para a Caderneta, ou seja, a minoria que investe teria mais vantagens do que a maioria que poupa o ser suado dinheirinho.

Ainda tem outros casos que demandariam mais páginas de discussão, como a questão Demóstenes/VEJA, o absurdo código florestal, e a articulação direita/religiosos contra a acertadíssima decisão do Superior Tribunal Federal com relação à descriminalização da interrupção terapêutica da gestação de fetos anencéfalos. A direita, principalmente o bizarro Reinaldo Azevedo, que de tão reacionário deveriam criar uma nova categoria para encaixá-lo, chegou a chamar o STF de “Cristofóbico”... o que é isso?

A direita brasileira está completamente perdida. Não me considero uma pessoa completamente de esquerda, pelo contrário, acredito ser alguém ponderado. Não saio por aí levantando bandeiras, mas dê a César o que é de César. O governo petista não é perfeito. Não podemos fechar os olhos para a falta de investimento na educação, na saúde, na infraestrutura de nossas cidades, sobretudo as de saneamento básico (Tá tudo péssimo!), mas em comparação a outros governos já melhorou bastante, e espero que a tendência continue. Os partidos de oposição já não têm mais condições de reger nada. A mesma corja que está na política há anos no poder enegrecendo a democracia que foi conquistada à duras penas.

Só nos resta esperar qual será a próxima peripécia da direita, para a nossa alegria, rs!


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um crime do passado que não passa: a escravidão no Brasil contemporâneo


Um fato extremamente lamentável e está na pauta do dia: o trabalho escravo no Brasil. Hoje li uma matéria na coluna do Roldão Arruda, no site d’O Estadão, que fiquei sinceramente preocupado. Como é possível a sexta economia mundial ainda se submeter a esse tipo de excrescência em pleno ano de 2012? Parece figura repetida eu sempre chamar a atenção para as contradições que nosso país vive frente ao crescimento econômico. É importante trabalharmos com o otimismo frente a esse aquecimento, mas com toda certeza não podemos nos ufanar do Brasil por isso.

A pujança econômica que o Brasil vem desenvolvendo não é exatamente um fator de orgulho, pois ele afeta uma camada ainda bem pequena da população, e socialmente não tem surtido grandes efeitos, afinal, cada vez mais os bancos têm lucrado rios de dinheiro, as grandes corporações dominam o mercado, mas apenas uma pequena parte do que é arrecadado pelo Estado é direcionado à educação, à saúde, à moradia, e a capacitação bem como ao direcionamento para o mercado de trabalho. E justamente é esse mercado de trabalho que parece estar cada vez mais desregulado, ou regulado por vias perversas, que devem ser duramente combatidas.

A extrema direta nacional, a bancada ruralista e os grandes capitalistas de nosso país se unem para criar mecanismos para aumentar a produtividade e os lucros diminuindo, em contrapartida, os grandes investimentos. Não é à toa que o novo Código Florestal seja um produto bizarro de um grupo que ignora completamente o bom senso a favor de apenas interesses localizados. O meio ambiente, assim como o ser humano é deixado de lado para que o mercado continue se autorregulando, bem como os grandes liberais pregam. A custa de quê?

Trabalhadora de oficina das Confecções Zara em situação análoga à escravidão

Os dados de Arruda são alarmantes. Entre os anos de 2002 e 2011 cerca de 37.780 brasileiros foram libertados de trabalhos compulsórios análogos à da escravidão. É uma quantidade abismal. Nenhum ser humano deveria ser "libertado", pois nenhum ser humano deveria se tornar cativo. Se no Brasil pré 1888 a escravidão já era uma prática completamente anti-moderna, hoje fere qualquer tipo de ideologia ou condição humana. Embora a zona rural seja mais afetada com esse tipo de crime, a zona urbana também viola os direitos do Homem, ou devemos nos esquecer do caso de bolivianos que trabalham compulsoriamente nem nenhuma remuneração em confecções de roupas em São Paulo para que nós fiquemos na moda?

O que se nota em ambiente de trabalhos que comportam esses homens e mulheres são as péssimas condições de higiene, me má alimentação, com excessiva jornada de trabalho, sem carteira assinada, e até mesmo às vezes são pagos com drogas, como podemos ver no blog de Rômulo Martins, em que trabalhadores do corte de cana, na cidade de Araraquara-SP, eram pagos com pedras de crack. A dignidade do ser humano foi cortada junto com a cana.

E o que falar quando mantém seus “empregados” nessas condições são homens públicos, políticos que deveriam lutar para o bem-estar da população, mas ao invés disso estão apenas motivados pela ganância e amparados pela impunidade? Exemplo disso é o João Batista de Jesus Ribeiro (PR-TO), que está sendo investigado por suposta prática de crime de submissão a trabalho escravo contra trabalhadores, em uma de suas fazendas no Pará, estado que tem o mais número de incidências de escravidão no Brasil.

Nós cidadãos, homens e mulheres, brasileiros livres devemos lutar para que isso seja uma realidade para todos. A democracia não pode ser apenas uma palavra bonita para ser entoada a torto e a direito em nossa velha Constituição. Enquanto os grandes criminosos não serem punidos, enquanto a justiça não fizer a sua parte ainda continuaremos lendo e ouvindo notícias tristes como essa. Devemos debater mais sobre essa questão, e denunciar acima de tudo.

Para que nos orgulhemos definitivamente de nosso país temos que contribuir para a sua limpeza.


terça-feira, 8 de maio de 2012

No ar o blog da Revista Eletrônica Cadernos de História




Ontem entrou no ar o blog da Revista Eletrônica Cadernos de História, uma publicação do corpo discente do departamento de História da UFOP, na qual eu sou um dos conselheiros editoriais. Segue abaixo a mensagem de inauguração do blog. Não deixe de acompanhá-lo, muitas novidades virão por aí.

*   *   *

Olá, desbravadores do tempo!


Os Departamentos de História das instituições de ensino por vezes têm grandes dificuldades em desenvolver estratégias para aproximar a produção historiográfica de um público mais amplo, e não somente dos historiadores. O conhecimento é um direito de todos, sobretudo aquele relacionado ao passado, formador de identidades, mitologias e culturas ao longo do tempo. A Cadernos de História, percebendo essa defasagem, passa então a ter, além de sua revista regular, um blog mais dinâmico, moderno e de ampla acessibilidade.

Através dele levaremos a um público diversificado, dentro e fora da Universidade, um conteúdo atrativo, fascinante e de grande qualidade. O blog é uma plataforma para divulgação das atividades da revista, bem como de todo o Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto. Mas não nos limitaremos apenas a isso: ele é uma ponta de comunicação com outras instituições ao redor do mundo. Estaremos atentos a tudo o que se passa na historiografia atual e, com uma linguagem mais dinâmica, compartilharemos nossas impressões com todos aqueles que amam o universo de Clio.

Além da divulgação de chamadas de artigos das mais variadas revistas de História do país, de editais de concursos para áreas afins e eventos acadêmicos nacionais e internacionais, o blog da Cadernos de História terá um conteúdo amplo, com entrevistas, vídeos documentários, avaliações do panorama historiográfico, opiniões e conteúdo lúdico ligado ao conhecimento do passado. Tudo isso para transformar o conhecimento dos tempos pretéritos muito mais acessível e interessante a todos.

Acompanhe nosso blog e saiba o que está acontecendo na historiografia contemporânea. Também não deixe de nos seguir no Twitter e nos curtir no Facebook, outros dois importantes links entre o periódico e o público.

Entre em contato conosco e dê a sua opinião sobre essa nova iniciativa e sobre o que espera encontrar aqui em nosso blog, através do e-mail: cadernosdehistoria@yahoo.com.br.


Um grande abraço e boa viagem no tempo!


Conselho Editorial
Revista Eletrônica Cadernos de História

Para acessar o blog: www.cadernosdehistoria.blogspot.com


domingo, 1 de abril de 2012

Ditadura se lembra, não se comemora


GOLPE DE ESTADO: Por definição é o ato de destituir ilegalmente um governo constitucionalmente legal. Por vezes ele ocorre de maneira violenta, por vezes não... mas em todo caso ele acontece para suprir as necessidades políticas de uma perversa minoria. Não obstante, nenhum governo se sustenta sem o apoio popular (Sim! isso é verdade), portanto, um golpe só acontece com o aval da grande maioria. Há golpes que vem para o bem, quem não se lembra da lindíssima Revolução dos Cravos em Portugal, a 25 de abril de 1974. Na ocasião os militares de média patente (Capitães na maioria), decidiram derrubar o governo salazarista de Marcelo Caetano e retirar os lusos de uma ditadura civil que já durava 41 anos. Mas no Brasil não, o golpe militar (com letra minúscula) foi um dos atos mais revoltantes e vergonhosos da história brasileira e humana. Foi o fim de um longo período de liberdade, o começo de um longo período de terror. Milhares de pessoas foram perseguidas, torturadas, mortas apenas para satisfazer os interesses políticos e econômicos de uma minoria. Alguém aqui realmente acredita que os comunistas tomariam conta do Brasil? Eu não, eles também. Hoje é 1º de abril, uma data que nunca pode ser esquecida e nunca deve ser comemorada. É uma tremenda imbecilidade o discurso de “quando tinha a ditadura as coisas eram melhores, não tinha violência, a escola era melhor, tinha emprego blá blá blá”... isso é ridículo, quem fala uma coisa dessa nunca viveu a ditadura de forma real, nunca foi preso, nunca apanhou, nunca sofreu nada. Vamos lutar para que isso acabe, que 1964 nunca mais volte, que os fascistas sumam do mundo. Não comemore a barbárie, lamente a existência dela e aja para que nunca volte. A liberdade é um direito universal, se você preza o seu, por que não garantir o do outro?

domingo, 25 de março de 2012

Micrônica de um clássico


Hoje é dia do maior espetáculo da Terra! Os torcedores do São Paulo e do Santos que me desculpem, mas clássico mesmo é Palmeiras vs Corinthians. O que move a rivalidade entre esses dois times é muito mais do que torcidas organizadas violentas, que nunca deveriam existir, mas é a paixão pelo verdadeiro futebol, pela arte construída nos gramados, que levantam multidões e faz marmanjo chorar de emoção. O derby é muito mais do que dois times de uma mesma cidade, é muito mais do que uma simples partida, é o símbolo de lutas extra campo que vem desde 1915 quando o Palestra Itália venceu o primeiro jogo contra o Corinthians. Um time não é nada sem o outro... festejamos como se fosse um título o rebaixamento um do outro, mas sentimos falta de disputar campeonatos diferentes. Quando os times entram em campo não existe “boa” ou “má” fase, os dois são grandes, os dois se agigantam em campo, não é a toa que em mais de 350 jogos o equilíbrio seja tão grande, mesmo historicamente o Palmeiras seja o melhor. Fato é que não existe rivalidade sem o outro; já não é mais comunistas contra fascistas (infelizmente), mas são dois clubes de tradição e força, detentores de centenas de títulos e glórias. Estarei torcendo ferozmente para que meu Verdão vença e destrua o Corinthians hoje, mas antes disso que ver uma bela partida de futebol, disputada no campo de forma leal, sem ajuda de juiz, sem violência dentro e fora do estádio. Ninguém deve morrer por futebol, e ninguém deve matar por futebol. O respeito tem que prevalecer acima de tudo, e as provocações são bem vindas desde que seja de forma saudável. Hoje vai ser lindo! Quero bola na rede para soltar um sonoro grito de GOL! Torço para uma grande partida, mas que vença a gloriosa Sociedade Esportiva Palmeiras.


quarta-feira, 21 de março de 2012

História: Ordem republicana e instituições políticas


Brasão de Armas do Brasil


Edgard Carone em seu clássico “A República Velha: instituições e classes sociais” propõe que uma das fragilidades do Império brasileiro fora o fato de não ter sido constituída uma nobreza hereditária. Não havia um elo de ligação mais forte entre a nobreza e a Casa Imperial, o que possibilitou, segundo o autor, uma grande adesão ao regime republicano já logo após a sua implementação em 15 de novembro de 1889. A República para muitos era inevitável, e gradualmente mais adeptos foram se filiando a nova forma de governo. A Ordem Republicana aos poucos era instituída (CARONE: 1978, 379-80).

Esta Ordem, porém, não se deu de forma tão ordenada. É muito recorrente na historiografia brasileira hoje o resgate da crônica de Aristides Lobo, publicada pelo Diário Popular no dia 18 de novembro de 1889, no qual se encontra registrada a célebre passagem “o povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava”. O povo do Rio de Janeiro estava assistindo a uma revolução, a instauração de um novo regime por acidente, aceitando um movimento que, para Rui Barbosa, não era seu e não tinha sido elaborada por ele [o povo]; era um acontecimento lamentável, para José Maria dos Santos (SILVA: 2005, 67-68). Em grande medida, não era um regime popular, no ambíguo sentido da palavra.

Uma vez destituída a Monarquia, precisava-se definir o paradigma republicano a ser adotado. José Murilo de Carvalho aponta que esse era um problema, pensado pelos intelectuais republicanos da época, que fora enfrentado de uma maneira diversificada. O autor de uma maneira esquemática, recorrente na historiografia sobre a primeira república, apresenta três tipos de manifestações republicanas que podiam ser identificadas naquele momento: o liberalismo, o jacobinismo e o positivismo (CARVALHO: 1998, 92-96).

Proclamação da República, 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927).
Acervo da Pinacoteca Municipal de São Paulo

A primeira posição, segundo o autor, era encabeçada pelos grandes proprietários de terra de São Paulo, que desde os primeiros anos da década de 1870 já se encontravam com o Partido Republicano organizado. A centralização monárquica já não dialogava com os interesses desse grupo, e o republicanismo de ordem federativa estadunidense era o ideal a ser seguido. José Murilo diz que nos finais do oitocentos o darwinismo social era a postura liberal mais comum no país, influenciando muitos, entre os quais o republicano paulista Alberto Sales pode ser identificado.

Sales, em 1887, afirmava que o país passava por um momento de turbulência política, e os comandantes do Brasil, principalmente os do Partido Republicano, deviam se posicionar frente às questões que envolviam a ordem nacional. O progresso social, para ele, manifesta-se por via de desagregações e agregações correlativas, assim como um progresso biológico. No entanto, esse processo na fisiologia é observado de maneira clara e homogênea, enquanto no desenvolvimento social ocorre de maneira mais obscura. A nacionalidade, em sua Teoria da Nacionalidade (SALES: 1983, 86-99), é uma construção política consciente, elaborada a partir de uma evolução de elementos sociais, culturais, etnológicos, geográficos e políticos, que permitem, que um conjunto e indivíduos, formando uma sociedade específica, unindo esses e outros elementos possam formar uma unidade psicológica e politicamente estruturada, estabelecendo, assim, o nacionalismo.

O federalismo norte-americano foi o modelo vencedor na primeira Constituição republicana, em 1891. José Murilo de Carvalho discorre em seu pensamento uma leitura em que mostra o federalismo democrático estadunidense como sendo uma instituição perfeita constituída em uma sociedade igualitária, e que o Brasil intensificava a questão da desigualdade sócio-política, e o darwinismo republicano brasileiro possibilitava a implantação do autoritarismo no Brasil (CARVALHO: 1998, 93)


O Clube Jacobino, 1893.

A segunda posição republicana perceptível nos primeiros anos do regime foi o jacobinismo. Este modelo era o mais radical dentre os três apresentados aqui. Há nesse grupo uma forte crítica ao passado Imperial brasileiro, argumentando que o fator preponderante para o atraso do Brasil frente ao resto do ocidente era a própria Monarquia. O xenofobismo também era uma marca do jacobinismo, principalmente no que se diz a respeito à figura do português. A república deveria ser construída, organizada e controlada por brasileiros e a Nação era a Nação de brasileiros. Ala de extrema radicalidade, que via no centenário da Revolução Francesa o momento perfeito para se efetivar a Revolução Brasileira.

O jacobinismo, lembra Amanda Muzzi Gomes, teve seu período de maior “ação”, ou pelo menos o Clube dos Jacobinos, durante o governo do marechal Floriano Peixoto (GOMES: 2008, 3). Convencionalmente a historiografia associa o movimento ao florianismo, que se diz da grande simpatia ao governo do segundo presidente do Brasil. Em lutas legalistas com a utilização de forças armadas, os jacobinos inflamados como patriotas, inspirados nos revolucionários franceses, defensores de uma ordem, uniam-se em favor de Floriano para combater os contrários ao seu governo. Exemplo disso é a revolta da Armada, em 1893, que tinha como líder o almirante Custódio José de Melo, que segundo Boris Fausto, frustrado em seu objetivo de suceder Floriano na presidência da República arma um levante contra o governo, e os jacobinos se voluntariavam em defesa do presidente (FAUSTO: 2006, 255). O grupo ainda se mantém nos primeiros anos do século XX, sendo considerados “desordeiros”, sobretudo durante a Revolta da Vacina, em 1904.

A terceira e última posição era a positivista. A República era de face positivista por excelência, que deveria ascender em detrimento da Monarquia, tendo como resultado o progresso, impossibilitado pelo Estado imperial. Outras duas e importantes idéias positivistas eram a secularização do Estado e a implementação da ditadura republicana. Paradoxalmente, e destacado por Carvalho, os militares foram os mais simpáticos ao positivismo, mesmo que um governo militar, de acordo com a tese comtista, significasse o retrocesso da sociedade. Acredito que seja digno de nota o fato do Rio Grande do Sul ter sido, talvez, o maior adepto ao movimento, e Minas Gerais o menor.

Em meio as três propostas identifico que a fragmentação política é evidente. Em um país do tamanho territorial semelhante ao Brasil não permite que um corpo político apenas o governe. Por isso, as unidades federativas surgem como auxílio para a constituição da nação. No próprio Estado há outras fragmentações de mesma ordem, numa teia administrativa. No entanto, a utilização de uma democracia liberal em seus moldes clássicos, no qual à vontade da maioria, e a possibilidade da maioria de governar não se faz presente. O Brasil é comandado por oligarquias regionais, caudilhos, como Sylvio Romero (1912) afirma várias vezes em sua obra.

Consolida-se, então, a República liberal, com Campos Sales. Há um empenho em minimizar disputas internas em cada Estado, a fim de controlar a instabilidade política, que deveria ter sido sanada com a instauração do regime republicano, mas que não ocorreu. O presidente, então, lança a Política dos Governadores. Boris Fausto define os objetivos dessa política como, mais uma vez argumentado, a redução, ao máximo, das disputas políticas regionais de cada Estado, prestigiando os grupos mais fortes. Outra característica presente nessa prática é chegar a um acordo básico entre os poderes Executivo e Legislativo, “domesticando” a escolha dos deputados. O governo federal, assim, sustentaria os grupos dominantes de cada região, em troca, apoiaria, a política do presidente da República (FAUSTO: 2006, 258-259).

Com isso, procurei explanar em linhas gerais as três principais vertentes republicanas surgidas no Brasil com a transição do regime monárquico para o republicano nos finais do dezenove, tendo como linha de raciocínio subsidiária a obra de José Murilo de Carvalho, e inserindo outras obras clássicas ou não sobre o tema em questão. Na busca do paradigma republicano ideal, o liberal federalista se mostrou o vencedor, tendo certa influência do positivismo, e o jacobinismo ridicularizado. O liberalismo consolidado no governo de Campos Sales se mantém até o Estado Novo, quando uma nova lógica de organização política entra em voga, da qual não me coube aqui discutir.


Referências Bibliográficas

CARONE, Edgard. A República Velha: I instituições e classes sociais (1889-1930). Rio de Janeiro/São Paulo: Difel, 1978.

CARVALHO, José Murilo de. Pontos e bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006.

GOMES, Amanda Muzzi. “Jacobinos: abordagem conceitual e performática”. In: Revista Cantareira. Nº 13. Rio de Janeiro, 2008.

ROMERO, Sylvio. A bancarrora do Regimen Federativo no Brazil. Porto: Typ. A vapor de Arthur José de Souza & Irmão, Succ., 1912.

SALES, Alberto. A pátria paulista. Brasília: UnB, 1983.

SILVA, Hélio. 1889: A República não esperou o amanhecer. Porto Alegre: L&PM, 2005.


(Texto apresentado para a disciplina de Brasil III, ministrada pelo Prof. Dr. Ronaldo Pereira de Jesus - DEHIS/UFOP)