Rádio Reverberação

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um crime do passado que não passa: a escravidão no Brasil contemporâneo


Um fato extremamente lamentável e está na pauta do dia: o trabalho escravo no Brasil. Hoje li uma matéria na coluna do Roldão Arruda, no site d’O Estadão, que fiquei sinceramente preocupado. Como é possível a sexta economia mundial ainda se submeter a esse tipo de excrescência em pleno ano de 2012? Parece figura repetida eu sempre chamar a atenção para as contradições que nosso país vive frente ao crescimento econômico. É importante trabalharmos com o otimismo frente a esse aquecimento, mas com toda certeza não podemos nos ufanar do Brasil por isso.

A pujança econômica que o Brasil vem desenvolvendo não é exatamente um fator de orgulho, pois ele afeta uma camada ainda bem pequena da população, e socialmente não tem surtido grandes efeitos, afinal, cada vez mais os bancos têm lucrado rios de dinheiro, as grandes corporações dominam o mercado, mas apenas uma pequena parte do que é arrecadado pelo Estado é direcionado à educação, à saúde, à moradia, e a capacitação bem como ao direcionamento para o mercado de trabalho. E justamente é esse mercado de trabalho que parece estar cada vez mais desregulado, ou regulado por vias perversas, que devem ser duramente combatidas.

A extrema direta nacional, a bancada ruralista e os grandes capitalistas de nosso país se unem para criar mecanismos para aumentar a produtividade e os lucros diminuindo, em contrapartida, os grandes investimentos. Não é à toa que o novo Código Florestal seja um produto bizarro de um grupo que ignora completamente o bom senso a favor de apenas interesses localizados. O meio ambiente, assim como o ser humano é deixado de lado para que o mercado continue se autorregulando, bem como os grandes liberais pregam. A custa de quê?

Trabalhadora de oficina das Confecções Zara em situação análoga à escravidão

Os dados de Arruda são alarmantes. Entre os anos de 2002 e 2011 cerca de 37.780 brasileiros foram libertados de trabalhos compulsórios análogos à da escravidão. É uma quantidade abismal. Nenhum ser humano deveria ser "libertado", pois nenhum ser humano deveria se tornar cativo. Se no Brasil pré 1888 a escravidão já era uma prática completamente anti-moderna, hoje fere qualquer tipo de ideologia ou condição humana. Embora a zona rural seja mais afetada com esse tipo de crime, a zona urbana também viola os direitos do Homem, ou devemos nos esquecer do caso de bolivianos que trabalham compulsoriamente nem nenhuma remuneração em confecções de roupas em São Paulo para que nós fiquemos na moda?

O que se nota em ambiente de trabalhos que comportam esses homens e mulheres são as péssimas condições de higiene, me má alimentação, com excessiva jornada de trabalho, sem carteira assinada, e até mesmo às vezes são pagos com drogas, como podemos ver no blog de Rômulo Martins, em que trabalhadores do corte de cana, na cidade de Araraquara-SP, eram pagos com pedras de crack. A dignidade do ser humano foi cortada junto com a cana.

E o que falar quando mantém seus “empregados” nessas condições são homens públicos, políticos que deveriam lutar para o bem-estar da população, mas ao invés disso estão apenas motivados pela ganância e amparados pela impunidade? Exemplo disso é o João Batista de Jesus Ribeiro (PR-TO), que está sendo investigado por suposta prática de crime de submissão a trabalho escravo contra trabalhadores, em uma de suas fazendas no Pará, estado que tem o mais número de incidências de escravidão no Brasil.

Nós cidadãos, homens e mulheres, brasileiros livres devemos lutar para que isso seja uma realidade para todos. A democracia não pode ser apenas uma palavra bonita para ser entoada a torto e a direito em nossa velha Constituição. Enquanto os grandes criminosos não serem punidos, enquanto a justiça não fizer a sua parte ainda continuaremos lendo e ouvindo notícias tristes como essa. Devemos debater mais sobre essa questão, e denunciar acima de tudo.

Para que nos orgulhemos definitivamente de nosso país temos que contribuir para a sua limpeza.


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