Rádio Reverberação

domingo, 23 de dezembro de 2012

a imprevisão do inesperado


O inesperado sempre acontece, e por isso que ele tem esse nome... bem conveniente. Com pouco ou muito impacto ele sempre deixa uma marca perigosa. Por não esperarmos o que vai acontecer é impossível escolher imediatamente as ferramentas que serão usadas. Planejamos dezenas de coisas, imaginamos as formas que iremos agir e o que fazer se uma coisa sair errada. O “errado” aqui não é a mesma coisa que “inesperado”, pois quando imaginamos aquilo que pode sair de nosso controle elaboramos alternativas para aquilo, mas para o que não esperamos ficamos de calça curta. Às vezes o inesperado é ruim, afinal quem nunca ouviu ou disse a famosa frase “merda acontece”? E acontece mesmo... nunca sabemos quando por um acesso de raiva iremos quebrar a torneira da pia da cozinha, ou em uma viadora dupla na porta quase tirar a maçaneta do lugar... definitivamente isso é pouco comum e inesperado... e pior, é uma coisa do mal... Mas o inesperado também pode ser bom... por vezes que achamos que nada vai acontecer ao andar pela rua e de repente achamos R$ 5,00 e vamos direto na padaria comer um pão-de-queijo e tomar uma Coca-Cola. As coisas que nos tiram de nossa zona de conforto são fundamentais para que paremos o que estivermos fazendo e pensar sobre os próprios caminhos que devemos seguir, se não isso ao menos nos forçam a por na balança aquilo que queremos planejar. Nós já sabemos que nosso futuro não é teleológico, lá no fim não está o comunismo... mas temos se seguir até ele sem saber quando a mesa vai virar, e isso é o mais divertido da coisa... o inesperado pode acontecer enquanto eu escrevo esse textinho idiota, posso ter uma epifania largar tudo que eu estiver fazendo, pegar um ônibus e ir pra outro lugar só pra encontrar outras coisas ou outras pessoas, que inesperadamente por acaso deixou uma marca perigosa que pode ser significativa ou não. O inesperado é um fantasma que assombra todos nós... por mais racionais e organizados que sejamos, merda acontece... para o bem ou para o mal. Não tem como prevermos nada na vida, mas nem por isso não precisamos ter metas, pois quando nossos planos são bem traçados o inesperado pode ser amenizado, mas nunca deixará de ser transformador... e quando nossa se transforma é sinal que ainda estamos nela, só esperando o próximo passo.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Nossa casa é o nosso lar



Tempos atrás eu estava pensando nisso, e me veio à cabeça novamente. Existe diferença entre casa e lar? Pra mim existe todo a diferença. Embora para uma existir tenha que ter necessariamente a outra, não formam uma relação simbiótica... 

Quando estamos crescendo na casa da mamãe o que mais queremos, em condições normais de temperatura e pressão, é sair de lá e correr o mundo. O ser humano não foi criado pra ficar a vida toda no mesmo lugar, isso me soa muito deprimente. Nosso planeta é enorme, com milhões de possibilidades, todos deveriam ter o direito, pelo menos a vontade de conhecê-lo inteiro. Ficar na casa da mamãe é legal, mas não deveria bastar. Ficamos adultos, saímos de lá, finalmente, e vamos para outra casa. Aqui a diferença se mostra. Casa! casa é apenas casa... formada de paredes de tijolos e concreto. Há quem ame suas casas, que criam a ilusão de um lugar de memória, que atribui ao lugar físico algo que mexe com seus sentimentos. Mas não é isso... casa é um monte de pedra que não dura para sempre. Se ela não for habitada um dia cai. Lar! isso sim é diferente... o lar é feito de convívio, de amizade, de troca de experiência, de amor, etc. A memória que atribuímos a uma casa vem disso, das relações que construímos nelas. Os grandes momentos de nossas vidas não se constituem em uma parede, mas em nossas ações, com as nossas companhias. Quando mantemos uma boa relação com nossos entes aí sim criamos um lar. Muitos moram ou moraram em repúblicas, uns em mais de uma. É possível passar por uma casa dessas, morar por quatro anos e não tirar nada de proveitoso dela; mas pode passar por outra, morar lá por seis meses e construir uma rede de relações que levará para o resto da vida. Arrisco ainda dizer que é possível constituir um lar fora de nossas casas. Ficar parado no mesmo lugar sempre é depressão. Saia pelo mundo, explore tudo o que puder, não tenha medo de arriscar. Troque de oca quantas vezes for necessário, mas tente constituir um lar em cada uma delas... lares diferentes, que ficam pra sempre naquela parte de lembranças do cérebro, pois é isso que vale a pena. Casa, como eu disse, um dia cai... lar, quando é verdadeiro, dura eternamente.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Os historiadores são muito chatos

Eric Hobsbawm

Nós historiadores somos extremamente chatos, principalmente para os não-historiadores. Todas as vezes que vou para a casa dos meus pais e fico conversando com a minha mãe sobre o que eu faço, sobre o meu projeto de pesquisa e do quanto fico feliz quando encontro novas fontes ela faz aquela cara de contente, de superinteressada e que está entendendo tudo que eu estou falando, mas no fundo eu sei que ela não está nem aí. Ela não é a única, e nem a culpo por isso. Entre nós pesquisadores por mais que compartilhamos códigos e signos nos quais nos tornam pares de um ofício ainda somos chatos. Mas o que é pior de tudo isso é conseguir explicar para que serve o que a gente faz. Para nós, em nosso narcisismo acadêmico, sabemos exatamente a serventia de nosso trabalho. Sabemos mesmo? Eu adoro o que faço, há muito tempo venho estudando a escrita da história de Diogo de Vasconcellos (Diogão para os íntimos) e me divirto muito fazendo isso. Mas em uma ocasião sentado na mesa de um bar me perguntaram o que eu estudo e tive problemas em defini-lo de forma rápida, e pior... tive problemas de pensar a utilidade disso. É claro que se ficasse maquinando aqui na cabeça com mais calma eu diria que meu trabalho contribui para se compreender a formação da identidade/memória histórica de Minas Gerais, de como se deu a relação do mineiro com seu passado, bem como o processo histórico que fomentou as várias culturas políticas estaduais ao longo do tempo e blábláblá. Isso não é nenhum tipo de crise não e nem estou discutindo o papel social do historiador, isso é outro papo, mas afinal... compreender isso muda o que mesmo? Efetivamente muda muita coisa, mas só conseguimos perceber tais mudanças a médio e longo prazo. Ser historiador não é fácil, por mais que tenhamos zilhões congressos caros para participarmos e ler o nosso trabalho para várias pessoas que estão temporariamente interessadas naquilo que vamos falar ainda sim é uma profissãozinha pra lá de solitária (que dó!). Mas isso um dia vai mudar... ainda vou chegar em um boteco na minha saudosa Pindamonhangaba, pedirei uma dose de cana e vou trocar ideia com um pingaiada encostado no balcão sobre o uso social da obra de arte na formação dos Estados nacionais modernos na Europa. Hoje o Diogão é de interesse de poucos, e não sei bem o porque que eu estudo ele, mas se eu não tiver fé naquilo que eu faço, quem vai ter? Este post ficou uma bosta... não leiam isso não!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

As instituições político-culturais da península ibérica durante a expansão ultramarina e a “descoberta” do continente americano.

Vista do Largo do Paço (Jean Baptiste Debret, c. 1830). O Paço Imperial do Rio de Janeiro é o edifício do lado esquerdo do largo. Ao fundo vêem-se, da esquerda para a direita, o Convento do Carmo, a Catedral e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo. No centro, em primeiro plano, está o Chafariz de Mestre Valentim.



Estado, para António Manuel Hespanha, é uma entidade, que possui um poder, exclusivo, de coação legítima, e que organiza e executa os interesses públicos (HESPANHA, 1984). No entanto, a existência simples de um Estado, no sentido conceitual, não dá conta de explicar a sua real organização, assim como a sua efetiva ação para com o poder público, em prol de seus interesses. Dois tipos de organizações que foram fundamentais para uma união do território, principalmente do império marítimo português, segundo Charles Boxer, são o Senado da Câmara e as irmandades de caridade e confrarias laicas (BOXER, 2002).

Essas instituições, e suas ramificações se portam como elementos da fragmentação de poder não centralizado, ou seja, o Estado não tem um mecanismo de aglutinação do poder, nem no reino, nem nas colônias, e esses órgãos locais tinham como função suprir a falta de um poder superior que pudesse, então, estruturar a organização social. A partir disso, as relações de poder eram ainda mais divididas. Nas Câmaras existiam os homens bons, grupo formado por uma burguesia pré-capitalista, cuja função era ordenar as cidades do reino, quanto a tributações, expansão e manutenção do espaço urbano, etc. Ainda havia a representação da classe dos oficiais mecânicos, que na maioria das cidades formavam os Doze do Povo, que consiste em doze homens escolhidos para atuarem junto ao conselho municipal das cidades do reino. Ainda existiam em cidades como Lisboa, do Porto, e em algumas outras, a Casa dos Vinte e Quatro, que tinham a mesma função.

Não somente esse tipo de organização se mostra presente frente ao império. As formas de se administrar as colônias são semelhantes às de administração, guardadas as suas proporções. Estruturas essas, para o momento de expansão marítima, a partir do século XVI, podem ser estruturadas nas seguintes instituições de relacionamento e administrativa. Os vice-reis e governadores eram uma extensão do poder real, que não tinha condições de interferir diretamente na colônia. Eles muitas vezes detinham autoridade suficiente para alterar ordens régias caso essas não se aplicassem a uma localidade específica. Os donatários de capitanias, governadores gerais, e juízes seguiam a ordem hierárquica de administração, com um poder de decisões também fortes. E mais uma vez aqui se nota que o problema do distanciamento ainda interfere nesse nível de organização, isto é, mesmo com um governador-geral na colônia, tendo a América como referência devido ao seu território continental, alcançar a solução de um problema de caráter local ainda era distante a se tratar com o mais alto posto hierárquico administrativo.

Dessa forma, as Câmaras Municipais tinham como função, também, de um tribunal de primeira instância, em casos sumários, e para apelação passa-se por um Ouvidor, uma espécie de juiz da Coroa, ou pelas Relações coloniais, que tinha como função se portar como um tribunal superior. Nesse sentido, as formas administrativas nas colônias, seguindo o padrão metropolitano, também eram extremamente fragmentadas, em um momento em que os próprios “Estados” europeus ainda passam por uma estruturação interna.


Referências Bibliográficas

HESPANHA, Antônio Manuel (coord). Poder e Instituições na Europa do Antigo Regime. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1984.

BOXER, Charles R. O império marítimo português. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

as mãos do acaso



Recentemente ouvi uma frase que achei curiosa, mas que tem um forte conteúdo que eu discordo. A frase era algo parecido com “deixar nas mãos do acaso”. Por definição “acaso” é aquele acontecimento imprevisto, que vem com a casualidade e por vezes depende da sorte para ocorrer. Acho muito arriscado deixarmos que as coisas aconteçam conforme a vontade do acaso. Deixar as ações se resolverem a nossa revelia não me parece ser uma opção justa. Não acredito em destino, que as coisas ocorrem porque há uma força maior que guia nossa vivência... não! isso é uma idiotice. Mas eu acredito que nossas vidas podem mudar a partir de sensações. Estamos em contato com a natureza, com as pessoas e conosco mesmos e essa constante relação nos provocam reações, essas sim, inesperadas. No entanto, essas tais reações não têm nenhum tipo de poder se tivermos, mesmo que seja ínfimo, o controle de nós mesmos. O acaso só existe quando estamos no sofá de casa assistindo um jogo de futebol e de repente temos um “insight” seja lá sobre o que for. A coisa acontece ao acaso quando não temos nenhum tipo de ciência sobre ela. Mas quando se trata de vontade, de necessidade e daquilo que seremos não podemos relegar tudo ao acaso. Coitado, ele já tem coisas demais para pensar... deixar nossas vidas nas mãos dele é muita coisa. Em inúmeros casos temos que fazer escolhas que somente nós podemos fazer... o inesperado não tem nada a ver com isso. O que queremos ser, onde ir, com quem queremos conviver são escolhas nossas. Em algum momento o acaso agirá, afinal quando escolhemos algo não sabemos onde chegaremos, aí o acaso toma conta, mas para isso temos que fazer decisões prévias, devemos dar cara a tapa, devemos ouvir nossos corações e seguirmos pelo caminho que acreditarmos que será o melhor para a gente. Aventurar em terras estrangeiras em um intercâmbio incerto pode ser interessante, mas redescobrir o que tem em nosso quintal às vezes pode ser uma experiência incrível. Nem todas as decisões que um homem deve tomar para a sua própria vida têm que ser benéficas imediatamente, e muitas vezes só nos damos conta disso muito tempo depois. Avançar ou abortar uma ação deve ser uma escolha nossa e não de uma força abstrata, porque vivemos o real e não o acaso.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sempre imagine mais!!


SE EXISTE UMA BOA COISA ARTIFICIAL sem dúvida é a imaginação. Quais são os caminhos que ela percorre? Talvez a estrada de tijolos amarelos; ou a Floresta Negra; talvez um que passe bem perto do Ermo do Lampião. A imaginação está nas penas do mais erudito dos historiadores, nas partituras do mais intimista dos músicos, ou nos cautelosos movimentos do mais intrépido ator. A imaginação está em todos os lugares e em todas as pessoas. No entanto, na maioria das vezes ela fica lá escondida, sem dar o ar de sua graça. Ela vive estocada no fundo de uma gaveta escura e úmida, ou anos a fio em uma estante empoeirada... ali parada com muitos olhos a observá-la, mas com nenhum toque corajoso para enfrentá-la. Até na hora de contarmos a mais pura das verdades a imaginação aparece para embelezar o relato. Ela tem uma relação dúbia com a verdade... uma hora ela se alia ao fato para enriquecer o inegável... uma hora o inegável é a própria imaginação, sendo o fato todo apenas fruto daquilo que não poderia ter acontecido. A questão é que nada disso importa. Todo indivíduo dotado de inteligência deveria exercer a sua imaginação, fazer perpétuos contratos com o fantástico. Cada parte de nossa experiência no tempo e no espaço é um mero produto de decodificações de informações processadas pelo cérebro. Cada pessoa vê as cores em tons diferentes, sente calor em diferentes intensidades, ou escuta sons em diferentes frequências. A natureza existe ao mesmo tempo em que é apenas um jogo de significantes e significados, representações delas mesmas... afinal, as árvores por definição são todas iguais, mas na “realidade” isso acontece?  Não há idade ou gênero para a imaginação. Umas são mais inocentes do que outras? É claro que sim, mas todas fazem sentido em um determinado auditório. Temos que ler mais livros, assistir mais filmes, escutar mais músicas, fazer as nossas próprias representações da realidade, seja ela verdadeira ou não. Os homens estão sonhando cada vez menos, e isso faz com que Fantasia seja consumida pelo Nada... e quando isso acontecer definitivamente, no momento em que a Torre de Marfim sucumbir, as coisas deixarão de fazer sentido e nos tornaremos mais burocratas do que os Vogons, e nunca mais pediremos corona pelas galáxias! Aí a vida acaba! Descansem em Paz...

domingo, 16 de dezembro de 2012

Nem sempre pão ou pães é questão de opiniães

Gravura medieval que representa um professor ensinando a arte
da "disputatio", uma das mais importantes peças da retórica escolástica

Acredito profundamente que há uma linha tênue entre a opinião estruturada e a ignorância deliberada. No entanto, essa é uma diferença que apenas com um microscópio podemos perceber. Evidentemente que em uma sociedade política não existe a possibilidade de homogeneização de pensamento, não há topoi que consiga de forma harmoniosa condensar todas as ideias e fazer com que todos partilhem... o que é significativamente positivo. Mas deve-se observar que hoje, de forma potencializada pelo rápido acesso a informação, de qualidade ou não, existe mais um descompasso de ideias do que divergências propriamente ditas. O que quero dizer com isso? Divergências PARA MIM se dá muito no âmbito do diálogo, do debate acerca de um determinado tema. Uma questão é exposta e os indivíduos supostamente inteligentes tentam de alguma maneira chegar a um denominador comum. Esse é um processo desgastante, que exige muito esforço das duas partes, mas que em determinado momento se entenderão, o que não quer dizer que vão concordar uns com os outros. Mas o descompasso EU entendo como preguiça de pensar. Essa preguiça acontece no momento em que o preconceito e a desinformação passam a dominar o pensamento de um indivíduo. PSDBistas são incapazes de admitir que o governo da Dilma é bom; os Machos Alfas da sociedade não têm maturidade intelectual para compreender que a adversidade existe, sempre existiu e que não é (nem de muito longe) um problema para a sociedade patriarcal ruralista cristã conservadora; as “torcidas organizadas” confundem paixão por um esporte com violência, depredação e desrespeito com a torcida adversária, organizadas ou que só gostam do bom futebol O pior é que dentro desse “descompasso” os pensamentos nem sempre são naturais... há muitos discursos fabricados especialmente para determinados assuntos. Seja para criar polêmica, seja para provocar uma situação constrangedora, seja por autopromoção, há opiniões que são tão cretinas que é inconcebível que uma pessoa do século XXI acredite naquilo. Disse e repito... não é questão de todos concordarem, isso seria realmente entediante, mas a razão e a coerência devem tomar lugar do preconceito e da ignorância.

Cappucino Picante



Ingredientes

1 pimenta dedo-de-moça pequena, bem picada e sem sementes
1 xícara (chá) de açúcar
3 claras
1 litro de leite
6 colheres (sopa) de chocolate em pó
2 colheres (sopa) de café solúvel


Modo de preparo

Em uma panela, misture a pimenta com o açúcar e uma xícara (chá) de água.

Leve para ferver, sem mexer, até obter uma calda em ponto de fio.

Enquanto a calda se forma, bata as claras em neve. Não desligue a batedeira e despeje a calda em fio. Bata até que a tigela da batedeira esfrie.

Está pronto o marshmallow.

Em uma panela, misture o leite com o chocolate em pó e o café solúvel até ficar homogêneo.

Leve ao fogo médio até ferver.

Sirva em canecas com o marshmallow.

Rendimento: 4 porções
Tempo: 60 minutos

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O "monarquismo" e o passado que não passa


ONTEM À NOITE enquanto eu estava fazendo uma pesquisa na internet sobre os partidos e movimentos monarquistas que surgiram depois da proclamação da República no Brasil me deparei com um blog muito “interessante”, do Partido Monarquista Parlamentarista Brasileiro (http://partidomonarquista.ning.com/). Um movimento atual que visa, assim como eles mesmos dizem, “resgatar valores morais e éticos da nobreza!”. Uma iniciativa muito curiosa se formos ver com os olhos democrático-republicanos de 2012. Assim como Carlo Ginzburg já bem nos disse, quando estamos na internet clicamos em um link aqui, achamos outro ali, que nos leva em um site acolá... e eis que me deparo com o Instituto Brasil Imperial (http://www.brasilimperial.org.br), uma organização “histórico-cívico-cultural” que tem trabalhado muito no campo do estudo e divulgação do Brasil Imperial e da família Orleans e Bragança (http://www.monarquia.org.br/) que orgulhosamente ostentam o título de Família Imperial Brasileira. Ontem mesmo fiz uma brincadeira aqui no Facebook postando uma imagem que defende fielmente o retorno do regime monárquico no país. A princípio eu pensei que talvez isso fosse o auge da ignorância política, concordar com um retrocesso de 123 anos. Talvez o seja, mas ao somarmos com a estapafúrdia vontade de uma grande militância de direita em querer restaurar a ARENA, o assassino partido do regime monstruoso-militar brasileiro, bem como uma onda política de caráter extremamente religiosa, que é muito mais intensa daquela do Partido Católico Mineiro, natimorto em 1890, vemos que hoje há uma crise do passado político nacional. Não sei ao certo se o passado está “ressurgindo” ou se ele ainda não passou. O fato é que a História ainda não conseguiu resolver problemas ligados à tradição e que insistem em se manter vivos no ideário de nossa sociedade. No caso da monarquia não acredito no poder político de quem acredita nisso, mas eles são um expressivo sintoma de um pensamento conservador reacionário que a cada dia que passa fica cada vez evidente no cenário político nacional e tumultua aquilo que vou chamar de “progresso” do país. Mais do nunca vejo a importância da História e dos historiadores na ingrata tarefa de solucionar um passado conturbado, que cada vez mais toma conta e ofusca nosso já sofrível presente.