Rádio Reverberação

terça-feira, 22 de maio de 2012

A falência da imprensa (Parte 2)

Mais uma vez utilizo este espaço para tecer algumas críticas ao jornalismo brasileiro. Não tenho nada contra a profissão nem mesmo contra os profissionais, muito pelo contrário. Uma das minhas maiores fontes documentais são jornais, e hoje eu conheço estudantes de jornalismo que são pessoas muito boas e competentes. Mas como em todas as profissões sempre tem um grupo que se destaca pelo mau serviço prestado a sociedade. Na História podemos encontrar um monte, e no jornalismo também.

Assista o vídeo abaixo:


Com toda certeza esse é um grande exemplo do que há de pior na televisão brasileira hoje, e que possuí um enorme espaço na grade de programação nas principais emissoras de TV aberta. A ordem do dia é explorar a desgraça alheia, menosprezar o indivíduo e vender em cima disso. Uma análise de caso. Essa repórter ou apenas uma mulher que faz o papel de repórter. Fica de plantão na porta de uma delegacia pronta para filmar e “entrevistar” um suspeito de cometer um crime. A vítima é um rapaz aparentemente de baixo poder aquisitivo, que é detido, a princípio, por furto – crime pelo qual ele NÃO nega a autoria -. Sem nenhum tipo de prova contundente a mulher o acusa de estuprador. O suspeito, então, nega a acusação e se sente extremamente envergonhado por tal acusação, e chora ao se defender e apelar para que sua família intercedesse por ele... o que é um prato cheio para que os “produtores” do “programa” inserisse uma vinheta com os dizeres: “Chororô na delegacia: acusado de estupro alega inocência”. Sem contar o escárnio da mulher para com o acusado, ridicularizando-o por dizer que exame de próstata é aquele realizado para saber se uma mulher foi estuprada ou não, tira sarro de sua baixa instrução.

Não estou aqui para defender a inocência do cara ou não. O que está em jogo aqui é o efetivo papel da mídia no que tange ao acesso de informação para a população. O ato de reportar uma notícia, de incitar a competência da reflexão dos telespectadores frente ao acontecimento é totalmente deixado de lado nesse tipo de jornalismo sensacionalista. O foco é único, o de tripudiar sobre a tragédia. O criminoso deve ser preso e pagar pelos seus atos de acordo com os preceitos da lei. Mas, uma emissora de TV despender horas de sua programação para notificar esse tipo de acontecimento é patético. Hoje estamos enfrentando uma série de eventos políticos e sociais de extrema importância, tais como os escândalos políticos envolvendo “grandes” nomes da política nacional e empresas midiáticas de larga circulação, bem como 41 universidades federais em greve; mas esses problemas perdem espaço para uma jornalista estúpida rindo de um indivíduo já preso, ou para a bombástica revelação da Xuxa, sobre o fato dela ter sofrido abusos sexuais na infância, ou seja, há 40 anos.


Não apenas isso. Christina Rocha e seus “Casos de Família”. O que é aquilo? A primeira vista parece ser um programa com “conflitos” armados de tão incríveis e absurdos que são. Mas a armação perde espaço para a exposição das pessoas que estão envolvidas, bem como pela forma que é explorado pela televisão. Sem sombra de dúvida discutir temas familiares de extremo constrangimento em rede nacional não é a coisa mais decente de se fazer. Vários grupos lado a lado discutindo assuntos absurdos perante a uma plateia que está o tempo todo “julgando” os atos daquelas pessoas, tendo a apresentadora como uma espécie de mediadora que emite opinião o tempo todo e no final tem uma devolutiva de um psicólogo que traça um perfil dos participantes... tudo isso intercalado por uma série de propaganda dos mais variados produtos inúteis ao ser humano normal. A dignidade do ser humano é toda jogada no lixo.

Programas do Ratinho e do Leão seguem a mesma linha de um sensacionalismo e da exploração do ridículo que é constrangedora. É uma confusão de elementos, que misturam crítica policial, com casos de família, vida de pseudocelebridades, com musicais bregas e tudo que de mais bizarro que se possa ser transmitido em um programa televisivo.

Tirar esses programas do ar soaria como uma espécie de censura, o que deve ser evitado ao máximo. O direito de opinião deve ser respeitado acima de tudo. No entanto, há certo tipo de manifestação que foge ao bom senso, e sem dúvida Datena e Cia estão entre eles. A televisão não é lixo, e jornalismo não é simples entretenimento. As programadoras viverem de pão e circo é degradante. Além de expor a vida de brasileiros e brasileiras, ganhar com a tragédia alheia, ainda fere o senso de bom gosto do cidadão que está assistindo TV, que a tem como uma válvula de escape para a vida cotidiana que já é tão estressante.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quais são os limites da responsabilidade?


Marcha pela Educação, Ouro Preto-MG (17/05/2012)

Quais são os limites da responsabilidade? Quando nós, como agentes, devemos intervir em nossa realidade e assumir posturas que podem definir o destino de alguma coisa? Em muitos aspectos do cotidiano manifestar-se de forma isenta e distanciada é a melhor forma de se mostrar. Tecer opiniões é uma das capacidades mais fáceis do pensamento humano. A gente fala o que pensa e tá bom, nos posicionamos frente a um problema qualquer. Na maioria das vezes se cobra para que o outro faça o mesmo. Sempre é muito grande a indignação com relação àquele que sempre fica em cima do muro, ou que simplesmente ignora a discussão. Criticar o alienado é fácil. Omitir um juízo de valor positivo a problemas sociais, quando eles não nos atingem, também não é das coisas mais pesarosas de fazer. Coletividade, união e força! Esse é o discurso da democracia, todos juntos somos fortes. Até que chega o momento em que se precisa fazer valer aquilo que publicamos no Facebook para nos autopromover. Ao despertar um problema que realmente afeta a coletividade esse discurso começa a se diluir ao passo que se aproxima de nossa realidade. O coletivo quando afeta os interesses individuais começa a ser tratado não mais como um direito, mas como um retrocesso, como estagnação ou simplesmente como algo prejudicial. Temos medo de por a cara à tapa e assumir a responsabilidade de ir à luta e defender interesses que imediatamente nos prejudicam, mas que no futuro trará benefícios, mas que poderão ser questionados de acordo com a realidade daquele momento. Somos peça da sociedade. Ela não existe sem a gente, bem como a gente não existe sem ela. Vamos sempre nos acovardar perante aos problemas que batem a nossa porta? Pensaremos apenas em nossas causas particulares e esquecer o bem comum? Ninguém é obrigado a concordar com isso, todos têm o direito ao egoísmo, eu em muitos casos também sou. Mas quando se é, tem que deixar claro isso. Quando formos fazer propaganda de nós mesmos temos que aprender a guardar a demagogia na gaveta e dizer que só importamos conosco, que o interesse geral não importa e que queremos apenas nos beneficiar. Isso mais honesto, essa é a atitude um ser humano responsável. O covarde se omite, defende algo que não acredita, se voluntaria na alienação. Estamos passando por uma tempestade. Escolha se quer ir para o mar ou ficar no continente. Seja qual for a sua escolha FIQUE, seja responsável e honesto; e quando a tempestade passar se mantenha por lá. Os princípios de um homem formam o seu caráter.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Guia de como fazer café

A imagem que compartilho abaixo é genial. Um bom quadro com diversas formas de preparar um bom café. Sugiro que ela seja testada junto com os amigos, em uma conversa agradável na sala e em tempos de calmaria. Tomar café sozinho pensando na vida é gostoso, mas com uma boa companhia é sempre melhor.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Macchiato



O Macchiato, que significa algo “manchado”, é um Espresso com uma camada de leite vaporizado. À primeira vista, é muito parecido com um Cappuccino pequeno, mas, apesar dos ingredientes serem idênticos aos usados na confecção do Cappuccino, um Macchiato tem um sabor muito mais forte e aromático.

Ingredientes:

1 dl de leite;

grãos de café;

Açúcar e/ou cacau em pó (dependendo do gosto);

Chávena para Espresso (cerca de 70 ml).


Preparação:

Vaporize o leite directamente na chávena do espresso;

Coloque a chávena debaixo da saída do café e tire o espresso;

Polvilhe com cacau em pó.

domingo, 13 de maio de 2012

Parabéns mamães!


Hoje é um dia mais do que especial, mas também é apenas uma data... nada mais do que isso. Dedicamos o segundo domingo de maio para homenagear aquelas que não deveriam ser homenageadas, mas cultuadas. Todas as mulheres são especiais, a coisa mais preciosa que existe no mundo, mas têm aquelas que são muito mais do que isso: as mamães. São elas as pessoas mais incríveis que possamexistir; nos carregam por 9 meses antes da gente nascer, nos dá carinho, amor, proteção, segurança. As mães são mágicas, elas tem o poder de cura... apenas um beijinho é suficiente para cicatrizar qualquer machucado, e com sua voz de elfa, fazendo a gente ninar, soa calma no fundo de nossos corações. As mães são aquelas que nos aguenta a vida toda, brigando com a gente, fazendo tudo para o nosso bem... mesmo que não entendamos de imediato, mas sempre (nem sempre, vai) faz sentido. As mães, coitadas, sofrem bullying o tempo todo, desses filhos ingratos... sofrem trotes diários e não reclamam. Ouvem quanto tem que ouvir, dão porrada quando tem que dar. Carinho de mãe é o mais reconfortante, fazendo cafuné com toda a paciência no mundo. O que seria de mim sem a minha mãe? muito provavelmente nada. Quando eu vou pra casa nas férias, em uma semana ela faz tudo o que eu quero, mas depois já começa a perguntar quando eu vou embora, mas sempre fica triste quando vou embora. Mesmo assim fica feliz com o filho encaminhado (me achei agora). Não esquecerei nunca o dia em que ela e meu pai me deixaram em Ouro Preto, no dia 5 de novembro de 2006, entrando no carro chorando, querendo voltar pra me levar de volta... hahaha.

Todas as mães são especiais, mas a minha é mais. A dona Lourdes deveria ganhar um prêmio por me aguentar, e por me fazer também, afinal eu sou um espetáculo. Mãe! mesmo tão longe você é a pessoa mais importante de minha vida, e devo muito a senhora por isso. Obrigado por tudo que já fez por mim e que ainda vai fazer... me salvando dos perigos e dando dicas na cozinha. Mãe, te amo muito!

Um feliz dia das mães para todas da timeline, e um mais do que especial para a minha.

sábado, 12 de maio de 2012

A xícara de café, a arte de historiar e o problema do sentido da história




Não há nada mais indefinido do que os caminhos da História. Todas as vezes que esperançosos para o passado encontramos por lá as mesmas obscuridades do futuro, e essa é a magia que o tempo nos proporciona: a possibilidade dele sempre ser explorado e nunca fechado. Os usos do passado definem quem somos e o que seremos, permite alcançarmos lugares inimagináveis, e projetar mais do que achamos que somos capazes, e na maioria das vezes, depois de muito empenho, conseguimos isso. Não é à toa que ela ainda exista e possibilita que ainda possa ser estudada. Os homens do presente sempre têm mais questões e caminhos para se traçar via passado.

Ao contrário que muitos leigos acreditam, a História é muito mais do que apenas conhecimento de curiosidade, de anedota para ser contada no balcão de um bar. A História constrói e carrega a identidade e essência de um povo; traz consigo a forma de transformação de uma sociedade, de revoluções de uma geração. A História é uma disciplina, uma ciência e em grande medida não deixa de perder o seu caráter de arte.

O historiador, esse sim, em meio às suas anotações, livros, angústias, ideias e infindáveis xícaras do mais forte e encorpado café é muito mais do que apenas um pesquisador e professor. O historiador é um mago, que com seu caldeirão mágico revela imagens que ninguém mais pode. Ele é o mestre da palavra, o senhor do tempo, a voz dos esquecidos. A história escrita, o produto de sua feitiçaria, é também muito mais do que um monte de datas e nomes importantes... ela é o mundo! tanto de fantasia como de realidade... é uma mistura do que foi e do que poderia ter sido.

Nos últimos tempos tem sido muito debatido uma questão que vem me interessando muito: Como transformar a História em uma disciplina que “faça sentido” não apenas para os investigadores do tempo, para toda a sociedade. Talvez este seja um problema para outras gerações resolverem, mas é preciso que a nossa tome consciência dela. Antes de qualquer coisa, o próprio historiador precisa ter respeito por ela. Vejo cada dia que passa o crescimento da displicência dos estudiosos com ela, tratando-a de qualquer jeito; alunos universitários que não fazem a menor ideia do que estão fazendo, do porque estão em um curso como o de História. O próprio profissional tem que ter mais respeito pela disciplina e assim começar a traçar estratégias para ela “faça sentido” e não só para nós mesmos; afinal, só eu entender sobre o que eu faço é bem chato (e isso está se tornando muito verdade).

Outro passo que acredito ser fundamental para que a História “faça sentido”, e esse até mais interessante, é a “massificação” da História, não no sentido da produção em larga escala de artigos, capítulos, livros, anais e blá blá blá... A História precisa chegar ao grande público. Para isso os meios de comunicação como a televisão, o rádio e principalmente a internet devem intervir junto com os historiadores para que isso se efetive. Cada vez mais eu vejo a importância que um blog, uma fanpage no facebook, uma conta no twitter pode fazer para a propagação de ideias e informações; e os profissionais do tempo devem aprender a se relacionar com isso. Mais programas fixos sobre história (mas não apresentados pelo o Ricardo Bueno, mas por um historiador sério e de verdade) deveriam ir ao ar na TV. Por que física, química e matemática desperta mais interesse? Nunca vi o Mundo de Beakman fazer um episódio explicando os métodos de um historiador, ou o Globo Ciência dedicar um mês para falar sobre os Arquivos do país. A História não “faz sentido” para o grande público porque está longe dele, e não há profissional que aguente ser menosprezado, e até mesmo pelo seu próprio governo, por fazer um trabalho tão importante, mas que ninguém conhece; muito mais pela falta de incentivo do que vontade... afinal, quem não quer ser um Best seller?

Mas mesmo com todas essas adversidades que a História e os historiadores enfrentam ainda sim o mundo precisa de nós. Bom seria se os profissionais de hoje fossem mais atuantes, se a sociedade visse-nos como uma peça fundamental para o seu entendimento e formação. Mas o SE não existe na História (tudo bem, tem aquelas mentirinhas que todo mundo conta), no entanto, ela se constrói com a ação de homens, mulheres, guerreiros, reis, sapateiros, professores, garis... seres humanos. E todas as ações acontecem no presente. Por isso, aproveite o seu, faça boas ações, viva da melhor forma possível... Não vale a pena gastar a única chance que tem. Faça amigos, namore, trabalhe, estude, beba café... faça a sua história.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Tuitando uma novela: a solitária interação nas redes sociais


Meu post é baseado em uma matéria que eu li mais cedo no Observatório da Imprensa, que me fez pensar um pouco. Mais uma vez eu venho falar da questão dos avanços tecnológicos que surgem para o bem e para o mal. Na reportagem, o autor comenta a questão de como hoje o indivíduo criou o hábito de usar as redes sociais ao mesmo tempo em que assiste televisão, e junta uma coisa com a outra. Venho percebendo muito em minha vida, principalmente depois que eu passei a morar sozinho, e a internet passou a ser um dos meios de interação com o mundo exterior.

Televisão e internet é um dos principais passatempos do solteiro, principalmente em dias de semana, em que as festas ficam por conta dos desocupados. Essas duas plataformas – TV e net – se juntam, sobretudo, durante a noite em que a carga de trabalho diminui bastante e podemos cultivar o ócio de maneira mais reconfortante. Antes do Facebook e do Twitter, aquelas duas plataformas era separadas uma da outra. Enquanto se estava pirando na internet, principalmente no MSN, não se ficava muito preocupado muito com ver TV, e vice-versa. Hoje a graça é interagir com as duas.

Uma das coisas que proporciona isso é a facilidade de locomoção do computador. Hoje a tendência é cada um ter ser próprio computador, seu laptop que pode ser levado para todos os lugares. Quando eu morava na Calangos tinha o meu enorme desktop na minha mesa, que ficava lá no quarto, hoje com a minha pequena casinha não tenho mais aquela mostruosidade, e a TV fica aqui do meu lado. Ao assistir alguma programação é quase que inevitável os comentários na internet. Pela velocidade da coisa o Twitter é a rede social que mais se utiliza. Com as hastags se pode conectar com outras milhares de pessoas ao redor do mundo que está comentando a mesma coisa que você. Segunda-feira foi incrível a velocidade que o Top Tweets do Brasil teve a hastag #QueReiSouEu quando a novela reestreou no Canal Viva, e eu postei isso antes de entrar no TT. O diálogo com a programação ao vivo também ficou bem mais direto, principalmente a programação esportiva. Alguns canais são precários (sente só termo) e AINDA utilizam o Email (que há cinco ou dez anos era o fino da bola) como forma de interagir com o telespectador, mas outras usam o Facebook, o Twitter e, no caso particular da ESPN, um mural no próprio site do canal para que aqueles que estão assistindo ao vivo a programação possa enviar suas perguntas e comentários, que são lidos no ar... e eu já tive a minha lida, é bem legal. O “Você Decide” e as ligações 0900 já são coisas pré-históricas.

Essa interatividade eu acho muito legal e interessante. Ela dá uma sensação de inclusão, de que você faz parte de um mundo que compartilha ideias, que tem sensações similares, e faz você se identificar com aquilo. Mas ao mesmo tempo gera um campo de força um pouco solitário. O ato de assistir televisão é particularmente individual, por mais que se possa tornar uma sessão de filme um evento social, a experiência que você tira daquilo é extremamente particular, o que se agrava quando falamos do computador. A HP tem um interessante slogan: “o computador nunca foi tão pessoal”, e é verdade. Recentemente eu estava na Calangos, e na sala de casa todos vendo TV e cada um com o seu computador no colo, e o que é mais bizarro um mandando mensagem para o outro no Facebook. Então, por mais que as redes sociais possibilitem essa interação ela é mais fictícia do que real. Hoje tenho cerca de 250 “amigos” no Facebook, e garanto que pouco mais de 10% me cumprimentam na rua. O que se faz no computador fica no computador, menos as fotos da Carolina Dieckmann (foi mal a piada).

Nossos olhos estão fixos em múltiplas telas ao mesmo tempo, televisão, computador, celular, do que seja. Interagimos com o mundo constantemente através das redes sociais, mas experimentamos pouco a realidade. As redes de informações causam-nos uma sensação de pertencimento, de inclusão, mas não passa de uma ilusão controlada por nós mesmos, que por um lado trás um conforto, mas de outro aumenta a solidão frente à tecnologia.



quinta-feira, 10 de maio de 2012

Pra que lado foi a Direita?

Geraldinho, Serrinha e Aécinho


Qual é o efetivo problema em ser de direita? A princípio nenhum. Bem como sabemos na teoria os sistemas políticos, as medidas econômicas, as ideologias quaisquer sempre têm lá a sua lógica. Ser direita não é todo ruim... ruim é ser de uma direita rasa. Lembro-me um caso curioso relacionado as eleições para o Centro Acadêmicos de História aqui na UFOP lá pelos idos de 2007 em que haviam duas chapas disputando, o que se tornou raríssimos nos últimos tempos, uma de “esquerda”, e outra de extrema direita. Enquanto os primeiros estavam preocupados com o espaço de representação na Universidade, melhoria das condições do ensino dentro do Instituto, de uma otimização da grade curricular; os segundo não propunham nada, estavam muito mais preocupados em fazer com que Coca-cola voltasse a ser vendida na cantina do ICHS, proibida pelo falecido diretor Prof. Ivan Antônio de Almeida, por questões que envolviam a saúde dos alunos. O papel da “oposição” ali era apenas o de tumultuar, o que não é muito diferente do que está acontecendo com a nossa política nacional atualmente.

Do que fizeram da direita brasileira? Até a entrada dos anos 2000 era ela quem comandava o país, os grandes nomes do poder vinham do PSDB, do antigo PFL (hoje DEM), do PP e por aí vai. Fernando Henrique Cardoso era amado e idolatrado, a dupla Covas e Alckmin era o exemplo de governabilidade, enquanto o PT (cabeça da oposição) era o grupo comunista que ao tomar o poder instauraria a ditadura de esquerda em nosso país, me lembro direitinho o meu pai me dizendo isso quando era mais novo. Coitado, acabou virando um péssimo doutrinador. Dez anos depois da eleição do Lula para a presidência da República o cenário é abismalmente o inverso. O PT assumiu o poder e soube muito bem controlar a situação, promover melhorias efetivas na questão social (AINDA FALTA UM MUNDO PRA SER RESOLVIDO), não instaurou a ditadura esperada pelo meu pai e transformou a direita inabalável em um bando de corneteiros perdidos. Como disse Valdo Cruz: “dá dó”.

Roberto Freire vacilão

Essa semana teve o patético episódio do deputado Roberto Freire (PPS-SP), que caiu na pegadinha do site humorístico G17, em que afirmava que a presidenta Dilma teria mandado o Banco Central imprimir nas cédulas do Real a frase “Lula Seja Louvado”. O deputado biruta então publicou em seu Twitter: “Isso é uma ignomínia! Dilma pede e B. C coloca em circulação notas com a frase 'Lula seja louvado'". É muita falta de atenção pra uma pessoa só. Agora tem a questão da mudança das regras para caderneta de poupança, dos cortes de juros da Caixa Econômica, que será seguido pelo Banco do Brasil. A direita defende o corte de juros para aqueles que investem em aplicações financeiras, tais como fundos de investimento, e não para a Caderneta, ou seja, a minoria que investe teria mais vantagens do que a maioria que poupa o ser suado dinheirinho.

Ainda tem outros casos que demandariam mais páginas de discussão, como a questão Demóstenes/VEJA, o absurdo código florestal, e a articulação direita/religiosos contra a acertadíssima decisão do Superior Tribunal Federal com relação à descriminalização da interrupção terapêutica da gestação de fetos anencéfalos. A direita, principalmente o bizarro Reinaldo Azevedo, que de tão reacionário deveriam criar uma nova categoria para encaixá-lo, chegou a chamar o STF de “Cristofóbico”... o que é isso?

A direita brasileira está completamente perdida. Não me considero uma pessoa completamente de esquerda, pelo contrário, acredito ser alguém ponderado. Não saio por aí levantando bandeiras, mas dê a César o que é de César. O governo petista não é perfeito. Não podemos fechar os olhos para a falta de investimento na educação, na saúde, na infraestrutura de nossas cidades, sobretudo as de saneamento básico (Tá tudo péssimo!), mas em comparação a outros governos já melhorou bastante, e espero que a tendência continue. Os partidos de oposição já não têm mais condições de reger nada. A mesma corja que está na política há anos no poder enegrecendo a democracia que foi conquistada à duras penas.

Só nos resta esperar qual será a próxima peripécia da direita, para a nossa alegria, rs!


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um crime do passado que não passa: a escravidão no Brasil contemporâneo


Um fato extremamente lamentável e está na pauta do dia: o trabalho escravo no Brasil. Hoje li uma matéria na coluna do Roldão Arruda, no site d’O Estadão, que fiquei sinceramente preocupado. Como é possível a sexta economia mundial ainda se submeter a esse tipo de excrescência em pleno ano de 2012? Parece figura repetida eu sempre chamar a atenção para as contradições que nosso país vive frente ao crescimento econômico. É importante trabalharmos com o otimismo frente a esse aquecimento, mas com toda certeza não podemos nos ufanar do Brasil por isso.

A pujança econômica que o Brasil vem desenvolvendo não é exatamente um fator de orgulho, pois ele afeta uma camada ainda bem pequena da população, e socialmente não tem surtido grandes efeitos, afinal, cada vez mais os bancos têm lucrado rios de dinheiro, as grandes corporações dominam o mercado, mas apenas uma pequena parte do que é arrecadado pelo Estado é direcionado à educação, à saúde, à moradia, e a capacitação bem como ao direcionamento para o mercado de trabalho. E justamente é esse mercado de trabalho que parece estar cada vez mais desregulado, ou regulado por vias perversas, que devem ser duramente combatidas.

A extrema direta nacional, a bancada ruralista e os grandes capitalistas de nosso país se unem para criar mecanismos para aumentar a produtividade e os lucros diminuindo, em contrapartida, os grandes investimentos. Não é à toa que o novo Código Florestal seja um produto bizarro de um grupo que ignora completamente o bom senso a favor de apenas interesses localizados. O meio ambiente, assim como o ser humano é deixado de lado para que o mercado continue se autorregulando, bem como os grandes liberais pregam. A custa de quê?

Trabalhadora de oficina das Confecções Zara em situação análoga à escravidão

Os dados de Arruda são alarmantes. Entre os anos de 2002 e 2011 cerca de 37.780 brasileiros foram libertados de trabalhos compulsórios análogos à da escravidão. É uma quantidade abismal. Nenhum ser humano deveria ser "libertado", pois nenhum ser humano deveria se tornar cativo. Se no Brasil pré 1888 a escravidão já era uma prática completamente anti-moderna, hoje fere qualquer tipo de ideologia ou condição humana. Embora a zona rural seja mais afetada com esse tipo de crime, a zona urbana também viola os direitos do Homem, ou devemos nos esquecer do caso de bolivianos que trabalham compulsoriamente nem nenhuma remuneração em confecções de roupas em São Paulo para que nós fiquemos na moda?

O que se nota em ambiente de trabalhos que comportam esses homens e mulheres são as péssimas condições de higiene, me má alimentação, com excessiva jornada de trabalho, sem carteira assinada, e até mesmo às vezes são pagos com drogas, como podemos ver no blog de Rômulo Martins, em que trabalhadores do corte de cana, na cidade de Araraquara-SP, eram pagos com pedras de crack. A dignidade do ser humano foi cortada junto com a cana.

E o que falar quando mantém seus “empregados” nessas condições são homens públicos, políticos que deveriam lutar para o bem-estar da população, mas ao invés disso estão apenas motivados pela ganância e amparados pela impunidade? Exemplo disso é o João Batista de Jesus Ribeiro (PR-TO), que está sendo investigado por suposta prática de crime de submissão a trabalho escravo contra trabalhadores, em uma de suas fazendas no Pará, estado que tem o mais número de incidências de escravidão no Brasil.

Nós cidadãos, homens e mulheres, brasileiros livres devemos lutar para que isso seja uma realidade para todos. A democracia não pode ser apenas uma palavra bonita para ser entoada a torto e a direito em nossa velha Constituição. Enquanto os grandes criminosos não serem punidos, enquanto a justiça não fizer a sua parte ainda continuaremos lendo e ouvindo notícias tristes como essa. Devemos debater mais sobre essa questão, e denunciar acima de tudo.

Para que nos orgulhemos definitivamente de nosso país temos que contribuir para a sua limpeza.


terça-feira, 8 de maio de 2012

No ar o blog da Revista Eletrônica Cadernos de História




Ontem entrou no ar o blog da Revista Eletrônica Cadernos de História, uma publicação do corpo discente do departamento de História da UFOP, na qual eu sou um dos conselheiros editoriais. Segue abaixo a mensagem de inauguração do blog. Não deixe de acompanhá-lo, muitas novidades virão por aí.

*   *   *

Olá, desbravadores do tempo!


Os Departamentos de História das instituições de ensino por vezes têm grandes dificuldades em desenvolver estratégias para aproximar a produção historiográfica de um público mais amplo, e não somente dos historiadores. O conhecimento é um direito de todos, sobretudo aquele relacionado ao passado, formador de identidades, mitologias e culturas ao longo do tempo. A Cadernos de História, percebendo essa defasagem, passa então a ter, além de sua revista regular, um blog mais dinâmico, moderno e de ampla acessibilidade.

Através dele levaremos a um público diversificado, dentro e fora da Universidade, um conteúdo atrativo, fascinante e de grande qualidade. O blog é uma plataforma para divulgação das atividades da revista, bem como de todo o Departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto. Mas não nos limitaremos apenas a isso: ele é uma ponta de comunicação com outras instituições ao redor do mundo. Estaremos atentos a tudo o que se passa na historiografia atual e, com uma linguagem mais dinâmica, compartilharemos nossas impressões com todos aqueles que amam o universo de Clio.

Além da divulgação de chamadas de artigos das mais variadas revistas de História do país, de editais de concursos para áreas afins e eventos acadêmicos nacionais e internacionais, o blog da Cadernos de História terá um conteúdo amplo, com entrevistas, vídeos documentários, avaliações do panorama historiográfico, opiniões e conteúdo lúdico ligado ao conhecimento do passado. Tudo isso para transformar o conhecimento dos tempos pretéritos muito mais acessível e interessante a todos.

Acompanhe nosso blog e saiba o que está acontecendo na historiografia contemporânea. Também não deixe de nos seguir no Twitter e nos curtir no Facebook, outros dois importantes links entre o periódico e o público.

Entre em contato conosco e dê a sua opinião sobre essa nova iniciativa e sobre o que espera encontrar aqui em nosso blog, através do e-mail: cadernosdehistoria@yahoo.com.br.


Um grande abraço e boa viagem no tempo!


Conselho Editorial
Revista Eletrônica Cadernos de História

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