Meu post é baseado em uma matéria que eu li mais cedo no
Observatório da Imprensa, que me fez pensar um pouco. Mais uma vez eu venho
falar da questão dos avanços tecnológicos que surgem para o bem e para o mal. Na
reportagem, o autor comenta a questão de como hoje o indivíduo criou o hábito
de usar as redes sociais ao mesmo tempo em que assiste televisão, e junta uma
coisa com a outra. Venho percebendo muito em minha vida, principalmente depois
que eu passei a morar sozinho, e a internet passou a ser um dos meios de
interação com o mundo exterior.
Televisão e internet é um dos principais passatempos do
solteiro, principalmente em dias de semana, em que as festas ficam por conta
dos desocupados. Essas duas plataformas – TV e net – se juntam, sobretudo,
durante a noite em que a carga de trabalho diminui bastante e podemos cultivar
o ócio de maneira mais reconfortante. Antes do Facebook e do Twitter, aquelas
duas plataformas era separadas uma da outra. Enquanto se estava pirando na
internet, principalmente no MSN, não se ficava muito preocupado muito com ver
TV, e vice-versa. Hoje a graça é interagir com as duas.
Uma das coisas que proporciona isso é a facilidade de
locomoção do computador. Hoje a tendência é cada um ter ser próprio computador,
seu laptop que pode ser levado para todos os lugares. Quando eu morava na
Calangos tinha o meu enorme desktop na minha mesa, que ficava lá no quarto,
hoje com a minha pequena casinha não tenho mais aquela mostruosidade, e a TV
fica aqui do meu lado. Ao assistir alguma programação é quase que inevitável os
comentários na internet. Pela velocidade da coisa o Twitter é a rede social que
mais se utiliza. Com as hastags se pode conectar com outras milhares de pessoas
ao redor do mundo que está comentando a mesma coisa que você. Segunda-feira foi
incrível a velocidade que o Top Tweets do Brasil teve a hastag #QueReiSouEu
quando a novela reestreou no Canal Viva, e eu postei isso antes de entrar no
TT. O diálogo com a programação ao vivo também ficou bem mais direto,
principalmente a programação esportiva. Alguns canais são precários (sente só
termo) e AINDA utilizam o Email (que há cinco ou dez anos era o fino da bola)
como forma de interagir com o telespectador, mas outras usam o Facebook, o
Twitter e, no caso particular da ESPN, um mural no próprio site do canal para
que aqueles que estão assistindo ao vivo a programação possa enviar suas
perguntas e comentários, que são lidos no ar... e eu já tive a minha lida, é
bem legal. O “Você Decide” e as ligações 0900 já são coisas pré-históricas.
Essa interatividade eu acho muito legal e interessante. Ela
dá uma sensação de inclusão, de que você faz parte de um mundo que compartilha
ideias, que tem sensações similares, e faz você se identificar com aquilo. Mas
ao mesmo tempo gera um campo de força um pouco solitário. O ato de assistir
televisão é particularmente individual, por mais que se possa tornar uma sessão
de filme um evento social, a experiência que você tira daquilo é extremamente
particular, o que se agrava quando falamos do computador. A HP tem um
interessante slogan: “o computador nunca foi tão pessoal”, e é verdade. Recentemente
eu estava na Calangos, e na sala de casa todos vendo TV e cada um com o seu
computador no colo, e o que é mais bizarro um mandando mensagem para o outro no
Facebook. Então, por mais que as redes sociais possibilitem essa interação ela
é mais fictícia do que real. Hoje tenho cerca de 250 “amigos” no Facebook, e
garanto que pouco mais de 10% me cumprimentam na rua. O que se faz no computador
fica no computador, menos as fotos da Carolina Dieckmann (foi mal a piada).
Nossos olhos estão fixos em múltiplas telas ao mesmo tempo,
televisão, computador, celular, do que seja. Interagimos com o mundo
constantemente através das redes sociais, mas experimentamos pouco a realidade.
As redes de informações causam-nos uma sensação de pertencimento, de inclusão,
mas não passa de uma ilusão controlada por nós mesmos, que por um lado trás um
conforto, mas de outro aumenta a solidão frente à tecnologia.
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