Rádio Reverberação

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Em qual Brasil queremos viver?


AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2014 têm sido significativas para mim. Historicamente sabemos que o PT e o PSDB sempre proporcionaram intensos debates, mostrando-se bem diferentes, sobretudo no início dos anos 1990, e que ao avançar dos anos 2000 as diferenças pareciam ser cada vez mais atenuadas. PARECIAM!!! Nos últimos anos, ainda, questionávamos se ainda é possível pensar em esquerda, direita, centro, etc. O descrédito com a política em nosso país fazia com que colocássemos tudo no mesmo saco, e ridicularizássemos os extremos. Os grandes partidos, encabeçados pelos dois supracitados é que de uma forma ou de outra é que concentram as forças ideológicas (vou usar essa palavra, não tenho outra) no país. No entanto, a positiva campanha de Luciana Genro do PSOL mostrou que existe sim possibilidades de se pensar de maneira diferente, de propor caminhos que de fato mudaria a cara do Brasil (nota-se que disse Luciana Genro, não Marina Silva). Não obstante, não é apenas de propostas boas que se faz política. Outros candidatos, os ditos “nanicos” ficaram de fora da linha de frente. Tirando os folclóricos candidatos Levy Fidélix, Everaldo e Eduardo Jorge, que apareciam na televisão, não tínhamos a oportunidade sequer de ouvir Zé Maria, Eymael, Mauro Iasi e Rui Costa Pimenta, candidatos de esquerda e direita.

Mas voltemos ao meu argumento inicial. Podemos dizer que o PT mudou de postura ao longo dos anos? Evidentemente que sim. Parafraseado o candidato da oposição, seria uma leviandade, não admitirmos isso, ou desserviço. O Brasil mudou, as formas de agir também precisariam de alguma forma mudar, mesmo não sendo da forma que a grande maioria esperava. Mas ao mesmo tempo, é de uma ingenuidade acreditar que em seu “adireitamento” (destaco novamente as ressalvas), o PT se tornara irmão de sangue do PSDB. Liberais por natureza, defensores de um estado mínimo, guardiões da saúde dos bancos (e dos cavalos); os líderes históricos da direita brasileira sempre deixou o povo em segundo plano. Educação, saúde, saneamento básico (alô São Paulo!!), moradia, qualidade de vida do cidadão. Essas entre outras coisas não eram prioridade dos tucanos. Estabilidade econômica?? Não! Mesmo com o plano real, que trouxe a ilusão de grande melhoria, passamos grandes períodos de crise nos anos 90, precisando recorrer algumas vezes ao FMI, aumento significativamente a dívida que já era grande. Mas veio o século XXI e o Brasil MUDOU!!! Com os governos do eterno presidente Lula e da atual candidata à reeleição ‪#‎Dilma13‬, o nosso país cresceu e junto dele as nossas esperanças de um futuro melhor, nas apenas de promessas, mas de reais possibilidades. Os programas sociais permitiram de milhões de famílias saíssem da condição de extrema miséria; que quase todas as crianças pudessem ir para a escola e sonhassem com a entrada REAL na universidade; o mercado se aqueceu gerando mais empregos (é a tal "pescaria" que costumam cobrar os contrários ao Bolsa Família); a casa própria deixou de ser um desejo, e passou a ser um planejamento; estamos deixando de ser endividados para sermos credores. O Brasil mudou, e pra melhor!! Há ainda muitos problemas a serem resolvidos, não vivemos ainda no Brasil ideal, mas diferente da era Fernando Henrique Cardoso, estamos a passos largos de chegar lá.

A campanha eleitoral deste ano tem apontado muito para o clareamento de posições. Há de um lado os apoiadores de um projeto social definido e democrático. Que tem realizado uma militância nos últimos meses baseados argumentos reais, dados de estudos, com respeito a si e ao povo brasileiro. Os apoiadores da #Dilma13 constataram que o Brasil está melhor, e quer contribuir para que fique ainda mais. É com espírito de solidariedade que se luta para um país para todos. Enquanto isso, os apoiadores do candidato da oposição, Aécio, não apresentam argumentos válidos. Apenas compartilhamento de memes esdrúxulos aquele mesmo papo "petralhas"; "fora PT"; "comunistas" (essa é dureza); entre outros. Não são desinformados, os dados estão aí... são adeptos ao desserviço, a desinformação, ao regresso. Uma militância agressiva, que fere a cidadania e inteligência do povo brasileiro. Esse ano estamos vivendo uma campanha eleitoral violenta. De um lado aqueles que querem o Brasil ainda mais forte, do outro lado aqueles que negam o avanço e sonham com o passado.

Domingo, dia 26 de outubro não podemos votar em um candidato que está na política a passeio. Temos que votar na candidata que mesmo não sendo carismática, cheia de pompa (afim, presidência da república é coisa séria) tem mostrado que é extremamente capaz de gerencial nosso país. Não teremos nenhuma revolução bolivariana (aquela loirinha do Alphaville foi bem engraçada), não corremos risco de perdermos a nossa democracia e liberdade, muito pelo contrário!! Com #Dilma13 vamos fortificar nosso republicanismo, e teremos a oportunidade de ver o Brasil crescer ainda mais e não temer mais o futuro catastrófico como foi o passado PSDBista! Há, como já destaquei, muitas deficiências... mas só com a continuidade do atual governo é que essas deficiências poderão ser sanadas. É nesse Brasil que estamos hoje que você quer viver, ou aquele "fantástico" (ou fantasioso) dos anos 90?

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Escrutínio do dia 26 de outubro de 2014

 
NO PRÓXIMO DOMINGO, dia 26 de outubro de 2014, eu e outros 142 milhões de eleitores escolheremos o presidente da república que governará nosso país pelos próximos 4 anos. Não considero apenas como um ato obrigatório de “cumprimento do dever”, mas um ato cívico de respeito a mim, aos meus pares, conterrâneos e à pátria. Está em jogo muito mais do que a figura política que administrará o Brasil, mas o tipo de país em que nós brasileiros queremos viver. Estamos evidentemente longe de estarmos no país mais desenvolvido do mundo, e ainda passamos por problemas notórias em diversas frentes (educação, saúde, distribuição de renda, corrupção, etc.), mas uma nação do tamanho do Brasil que passou 502 anos de sua existência preso nos grilhões de grupos expropriadores, não seria em 12 anos se tornaria a maior potência mundial. Porém, nesses últimos 12 anos o Brasil avançou e avançou muito. Cada vez mais deixamos a esperança romântica do futuro redentor para trás, e com os pés no chão vivemos categoricamente o presente. Presente este que parecia irreal em meus tempos de criança. O acesso à universidade e às escolas técnicas estão progressivamente mais democráticos; houve uma redução em dois terços da mortalidade infantil, cumprindo com antecedências as metas estabelecidas pela ONU; reduziu-se em um quarto a pobreza extrema no Brasil se comparado aos indicadores do início dos anos 1990,retirando pela primeira vez o país do “mapa da fome” mundial; isso foi possível pela ampliação dos programas sociais do governo que permitiu uma restruturação das famílias mais pobres, que puderam colocar seus filhos na escola, o que fez com que o número de crianças entre 7 e 14 anos matriculadas no ensino básico atingisse 97%, permitindo que seus país pudessem “pescar” com maior tranquilidade; entre uma outra série de melhorias que me faz cada vez mais acreditar em meu país, e na forma que ele é gerido. Já disse e repito, o fato de ser bem gerido não quer dizer que ele seja perfeito, e nem conseguiria ser. Governar um país requer muito mais do que uma boa retórica e um sorriso irônico no canto da boca. É necessário alguém que tenha firmeza (não mão-de-ferro),visão de futuro e espírito de presente, e a coragem de enterrar no passado aquilo que precisa ser superado. E nós como cidadãos brasileiros devemos nos unir para superar as máculas do conservadorismo, preconceito, desigualdade, desrespeito e atraso. Devemos contribuir para que nós e nossos filhos vivamos em um país onde o negro não seja expulso de uma loja ao tentar comprar um tênis para seu filho, que as mulheres não sejam rebaixadas, violentas e impedidas de controlarem seus corpos de acordo com seus diretos, que os homossexuais possam viver suas vidas calmamente com as pessoas que amam sem terem medo de sair às ruas ser agredidos por brigadas defensoras da moral e dos bons costumes; para que o Brasil seja de fato um país para os brasileiros, TODOS. Temos nossas diferenças regionais que devem ser respeitadas e, sobretudo, valorizadas. São pelas diferenças que vemos o quanto nosso país é culturalmente rico, e é a autoconsciência disso ajudará o nosso próprio progresso (com todas as ressalvas para o termo).
 
Por isso, neste domingo, dia 26 de outubro de 2014, eu voto na reeleição da presidenta Dilma para a manutenção de um governo que notoriamente tem trabalhado para o crescimento e fortalecimento do Brasil, consolidando o espirito democrático e republicano em que o país ao longo de sua história foi diversamente privado. Com a força do povo o Brasil alcançará a vitória e a possibilidade de uma positiva continuidade.

segunda-feira, 31 de março de 2014

50 anos da Ditadura Militar: a memória da miséria humana


Em clássico estudo, Maurice Halbwachs diz que a memória constitui-se da interação dos indivíduos entre si ou entre grupos, tendo as lembranças como resultado dessa interação. Mesmo que a princípio se considere a memória uma produção individual, seu meio de elaboração é fundamentalmente coletivo, visto que o indivíduo está imerso em constantes interações sociais. Narrar a experiência está unido ao corpo e à voz, a uma presença que se faz real, do sujeito no passado. Para Beatriz Sarlo, não há testemunho sem experiência, muito menos experiência sem narração. A linguagem, dessa maneira, liberta certo aspecto mudo da experiência, redimindo-a do imediatismo e do esquecimento, e traduzindo-a para algo que pudesse ser comunicável. Nesta semana estamos re-memorando uma das piores fases de nossa história: o início do vergonhoso golpe militar de 1964 que instaurou a sangrenta ditadura militar no Brasil. Foram 21 anos de sufocamento e barbárie, um verdadeiro passo para o regresso da humanidade. Como historiadores ou como cidadãos não podemos perder de vista o que aconteceu, nem minimizar os efeitos devastadores que os anos de repressão proporcionaram a milhares de pessoas torturadas, mortas e desaparecidas. O passado não deve ser escondido, as feridas não podem ser curadas. A onda neofascista que assolado nossa sociedade hoje é um desserviço para a história e para uma democracia que ainda hoje tenta sofridamente dar voz aos silenciados. Reavivar a memória da ditadura não é recolocar os militares no poder novamente, mas lembrar constantemente da dor das famílias de todos aqueles que perderam suas vidas lutando por nossa liberdade e garantir que o medo e sangue não faça mais parte de nosso presente, e o que de fato isso verdadeiramente não acontece. Tal exercício é uma forma de nos colocarmos em relação ao mundo e nossa comunidade. Não há glória e nem honra na ditadura, apenas a triste certeza da miséria humana.