Política é bizarra em
todo lugar. No Brasil não é diferente. Em ano de eleições por aqui a coisa fica
bem divertida. Isso, é claro, não é necessariamente bom. Sem sombra de dúvidas
essas eleições estão cheias de possibilidades e está difícil de cravar quem vai
para segundo turno, para disputar com o coiso, o que potencializa a bizarrice
deste pleito. Acompanhando os acalorados debates é possível perceber pelo menos
quatro elementos que estão conduzindo as campanhas: 1) Há um forte sentimento
de necessidade do combate ao candidato na extrema direita, que une certa
esquerda e aqueles que sabiamente o enxerga como uma ameaça verdadeira à
democracia; 2) Há os eleitores do PT que confiam vorazmente na capacidade do
partido em colar na imagem do Lula e convencer aqueles que não querem ser
convencidos que o ex-presidente é (e é mesmo) preso político e que o PT sofre um
forte boicote (+ ou -). Tem o Haddad agora como candidato, mas que prejudicado
pela estratégia kamikaze do partido não conseguirá emplacar identidade própria
(poste? Não... despeito dos adversários; 3) Há também um fenômeno novo: o
cirismo. Candidato desde 1998 o novo paladino da eficiência enxergou nesse
atual cenário de caos político a oportunidade de finalmente se eleger
presidente da república. Não conseguiu a coligação que queria e conseguiu
angariar uma militância rancorosa que devolve aos amiguinhos abandonados toda a
desconfiança que se tem do seu candidato desconfiável... com Kátia Abreu e tudo;
4) A sombra Marina Silva, um câncer que aparece de quatro em quatro anos para
tumultuar ainda mais a coisa e embolar a corrida por fora. O maior perigo do
segundo turno. Geraldão e o resto poderia ser um quinto elemento, mas tô deboa.
Frente a esse cenário a impressão que dá é que a partir do próximo ano não
teremos um presidente que realmente queremos. O voto útil, aquele que vai
barrar o candidato do PSL (sim! PSL) não está carregado de ideologia, crença ou
militância. Isso é mentira. O medo de ter um presidente merda está conduzindo
grande parte do eleitorado brasileira a apenas votar “estrategicamente”. Isso seria
maravilhoso se estivéssemos em um cenário democrático ideal, mas não estamos. A
briguinha que se instaurou entre as campanhas de Ciro e Haddad além de patética
reforça um campo de indecisão que é ótimo para o outro lá. O tempo da união já
acabou, cada um no seu quadrado, mas o voto do “não” o “útil” vai eleger o
presidente que a gente não quer. O golpe de 2016 minou profundamente a nossa política.
Fez com que Henrique Meirelles, Álvaro Dias e CABO DACIOLO fossem a debates
presidenciais. O Brasil ainda vai sofrer muito com a incapacidade de produzir
políticos. Independentemente de quem ganhar... ou não leva ou empurra gente pra
vala de vez.