Rádio Reverberação

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O triste sorriso de uma piada inacabada


RIR DE UMA PIADA é por vezes inevitável. Escutamos, assistimos ou lemos uma história engraçada e instintivamente o botãozinho do humor é acionado. A piada é a fuga magistral da verossimilhança, o mergulho para o paradoxo, a exaltação do inacreditável. Ela (a piada) pode ter tom crítico, ser apenas uma brincadeira, uma leitura do mundo e não precisa ter compromisso algum com a verdade. Isso me parece aceitável pelo simples e ridículo fato de não sabermos onde está a verdade que todos nós filosoficamente clamamos. A mentira (irmã da piada) surge muitas vezes para encobrir as verdades que não queremos mais mostrar, e há mentiras que acreditamos tanto que passa a ter caráter de verdade, tornando-se assim uma piada sem graça. Qual é o efeito que queremos ao contarmos uma piada? Queremos fazer o mundo rir, queremos fazer o mundo chorar? Estamos verbalizando nossa felicidade ou escondendo as fracas batidas de nossos corações? Ridicularizamos o mundo, rimos das pessoas, fazemos piadas conosco, mas no final não sabemos o porquê. As verdades que acreditamos ou as mentiras que contamos fazem parte de um mundo de fantasias que todos nós criamos e negar isso é fazer uma piada de mau gosto. É necessário esconder palavras para realmente dizer o que eu gostaria, mas refutar o egoísmo é igualmente um ato de se fechar em um mundo só nosso, inventar verdades falsas e acreditar que uma piada é apenas uma piada. Cada um acredita na verdade que lhe convém.