Rádio Reverberação

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A falência da imprensa (Parte 1)


Esse assunto a princípio parece já estar batido. Comentar o suposto comentário brilhante de Carlos Nascimento no Jornal do SBT há alguns dias atrás ainda me parece ser bem pertinente. Vi o vídeo apenas hoje, mesmo ele sendo aplaudido e incessantemente compartilhado nas páginas do Facebook. Prestando bem atenção na reportagem do principal noticiário do SBT, e vendo como ele, Nascimento, e a ATRIZ Cynthia Benini abordaram o assunto é de estufar o peito e dizer como o comentário tão elogiado pode ser tão cretino.

Concordo com ele quando ele se revolta que o brasileiro repercute tanto assuntos como Big Brother ou a piada coletiva sobre a Luiza que foi e já voltou do Canadá. Ele chama o brasileiro de idiota, diz que já fomos mais inteligentes, e que é um absurdo reproduzir tanto sobre a desconhecida menina da Paraíba, isso antes dele mesmo ser um dos narradores de uma matéria inteira sobre a própria Luiza. Ele, que é funcionário do SBT, que já teve como carro chefe de sua programação a Casa dos Artistas, que tem um programa chamado “Casos de Família” em que Cristina Rocha discute no palco as maiores bizarrices que acontecem no “mundo real”, explorando problema de pessoas pobres, que deveriam ser escondidos a sete chaves, isso se realmente eles existem. E ainda o que dizer do programa do Ratinho ou do Domingo Legal, com o mais novo dono de Pindamonhangaba, Celso Portioli? É no mínimo uma contradição, uma piada de mal gosto.

Ele não deveria criticar os usuários das redes sociais, que usam tais espaços como uma forma de entretenimento, de escapismo de uma vida cotidiana tão corrida e sacrificante. Afinal, depois de trabalhar o dia inteiro, ou de estudar horas a fio o brasileiro não tem o direito de entrar na internet e fazer piada? Onde está aquele papo de que brasileiro é o povo mais alegre do mundo, o mais extrovertido, o mais fanfarrão? Parece que quando o ibope vem de outros lugares a crítica parece ser mais inteligente. Não sou um defensor da Rede Globo, muito pelo contrário, sou um grande defensor de sua extinção. Mas o fato é que quando a tal Luiza chegou do Canadá foi a Globo que logo conseguiu atraí-la para seus estúdios e fazer milhões de entrevistas. Não foi o SBT. E o caso do suposto estupro no BBB... que jogada de marketing genial da Globo! Uma mega polêmica, que atraiu a atenção do país inteiro... mobilizou o Fala que eu te escuto, o bizarro programa da Sônia Abraão e comentário em outros canais... PROPAGANDA GRÁTIS E PARA TODO O BRASIL! Plim-Plim! Ponto para a Globo! E seu Carlos Nascimento, este sim um verdadeiro idiota sem inteligência contribuiu para isso!

Isso só comprova uma coisa: A FALÊNCIA DA IMPRENSA! A cada dia que se passa menos coisas importantes são reportadas. Ao abrir a página do UOL, que é o meu portal de internet favorito (eu acho), só se trata de coisa desinteressante, fútil, SBT, e coisas desse tipo. Não é o brasileiro que está ficando burro... o brasileiro continua sabendo fazer piada, já pregamos uma peça no mundo com o “Cala a boca, Galvão!”. O que deve ser criticado são os colegas do senhor Carlos Nascimento, os que estudaram na mesma turma, ou pelo menos tiveram os mesmo professores... aliás, tem muito jornalista aí que não tiveram professor algum.

Deve haver espaço para tudo... futebol, política, piada, falar da fome (ou melhor, deveríamos estar preocupados em resolver a fome e não só reportá-la), carnaval, religião, o desprezo das pessoas pela religião. E ao fazermos isso, temos que ter consciência do que estamos falando, pra não dizer besteira por aí.

Há jornalismo sério? É evidente que sim... existem grandes, importantes e competentes agencias de notícias no Brasil e no mundo, com profissionais sérios, e são esses que devemos ler, esses que devemos ouvir e elogiar. Temos que parar de ser hipócritas, de postar por aí que concordamos com que Arnaldo Jabores da vida dizem, ou que Carlos Nascimentos dizem e continuarmos fazendo as piadas criticadas, continuarmos clicando na página da Globo para eliminar um bastardo que só de estar ali vai ganhar muito mais que eu como professor da rede pública por um ano.

Se somos idiotas, hoje, é porque ainda aplaudimos o Carlos Nascimento.

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