Rádio Reverberação

quinta-feira, 14 de março de 2013

HABEMUS PAPAM FRANCISCUM

Papa Francisco


Há tempos temos escutado por aí que a Igreja Católica precisa se renovar, pois está anos luz atrás das mudanças políticas e sociais do planeta, e cada mais fiéis vão deixando a Igreja Romana para adentrar a outras seitas religiosas que chamam mais atenção e dá aquilo que a pessoa quer. Mas entra Papa, sai Papa e a situação não muda. Acredito sinceramente que a tendência das coisas é piorar, e já piorou.

Não é pelo fato dele ser argentino (que já provoca muitas piadas), mas pela desconsideração do Colégio de Cardeais de fatores muito simples que poderiam levar a Igreja Católica para um novo caminho...

Primeiramente é desnecessário a gente ficar discutindo o conservadorismo do cardeal. Dentro da lógica hierárquica da Igreja, o que se esperar de um Cardeal senão um ultra-conservadorismo? Não! Eu sinceramente não esperava outra coisa, pois não tem nenhum nome que possa surgir no comando da Igreja que não o seja; mas certamente haviam nomes mais brandos que poderiam agregar mais para os católicos... Sim! Falo de Dom Odilo Scherer.

Escolher um Papa latino-americano? Isso já deixou de ser uma impossibilidade há muito tempo. Escolher um Papa latino-americano que não é brasileiro? Esse foi um tiro no pé. Querem salvar a Igreja Católica, recuperar os fieis... parece até piada... o Brasil, que é o maior país católico do mundo e que está em um processo de perda de adeptos desenfreado era a chave para a guinada católico. Um exemplo bem pontual, mas que no todo corrobora o que quero dizer. Aqui em Mariana-MG, alguns pesquisadores do departamento de história da Universidade Federal de Ouro Preto fizeram uma pesquisa na cidade para saber dos freqüentadores de igrejas evangélicas, que antes eram católicos, o do porque se converteram para outra religião. A grande maioria das respostas estava ligada ao desconforto que a igreja (templo) causava para aquelas pessoas (ainda mais aqui que as igrejas são imponentes). A forma das pessoas se vestirem, o jeito delas se portarem, o ritual estabelecido... tudo isso afasta os fieis da Igreja. A ideia de ter seu líder máximo cada vez mais distante também é outro fator... a imagem do Papa como o Santo Padre está perdendo violentamente a sua força. Agora imagina se o comandante da Igreja é um brasileiro? O efeito que isso acarretaria seria enorme... poderia recuperar a fé católica dos brasileiros e por consequência de outros povos que acompanham a doutrina católica e têm o Brasil como referência para isso.

A questão do Brasil ser o país que mais vem se destacando no cenário político internacional também deveria ser levado em consideração. A Argentina não é um país que hoje tem condições de se lançar para o mundo em dialogar nas grandes mesas... o Brasil sim. Um Papa brasileiro poderia ser a melhor opção para a aproximação da Igreja com os governos... o Vaticano comeu bola...

E o passado do atual Papa? Um sujeito que colaborou rigorosamente com um dos mais violentos regimes ditatoriais da América Latina... acusado de sequestro de crianças e de ser cúmplice em assassinato... bonzinho aqui... bonzinho ali?... todo padre o é... mas o cara é homofóbico, preconceituoso, retrogrado, contra os métodos anti-contraceptivos e por aí vai... esse não é o posicionamento que a Igreja deve ter hoje. O mundo espera uma reação diferente, para que a intolerância dos povos comece a desmoronar de cima para baixo... um líder que apóia a violência forma seguidores violentos.

A eleição de Francisco I, mesmo quebrando com o eurocentrismo, não trará grandes mudanças para os católicos... e arrisco a dizer que a tendência é a Igreja continuar perdendo adeptos, criando polêmicas e embora ainda com grande poder político, o seu prestígio será cada vez menor.

Veremos onde isso vai dar...

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