As noções de Público e Privado assumem, hoje, um substantivo espaço nos debates de caráter social, político e epistemológico. Elas assumem diferentes roupagens no que tange as tentativas de esclarecimento de tais categorias para a nossa contemporaneidade, visto que os horizontes de discussões acerca de suas operacionalidades são bastante amplos. A relação Público/Privado constitui uma espécie de agrupamento social em público, oferecendo aos caracteres individuais as melhores possibilidades de se imporem, assim como as opiniões individuais originais às melhores facilidades para se difundirem. O que se pode perceber é que atualmente o Público e Privado perderam suas linhas divisórias. Cada vez mais é difícil de perceber quando um termina e começa o outro, ou até mesmo em que medida um pode se fundir com o outro. Parece-me que nossa sociedade contemporânea não se preocupa mais com isso. A noção de Público é a que mais perde. Ela foi legada para a esfera do governo, aquilo que é do Estado é público, aquilo que não me atinge é público. O papel do homem na sociedade está cada vez mais individualizado, o que se quer é apenas executar as funções que nos são delegadas e mais nada, servir ao interesse coletivo não é mais um ato voluntário, e por vezes limita-se apenas em um sentimento verbalizado. A esfera Privada domina a vida do Homem, impondo seus interesses e anseios, e tentando a todo custo minimizar a força do Público. A tendência disso é piorar. O que está em jogo não é o “avanço” social, mas a “prosperidade” individual... “se for bom pra mim é bom pra todos” é a frase de ordem, não mais “se for bom pra todos é bom pra mim”, isso não existe mais. Em uma democracia representativa como a nossa isso é ainda pior, pois legamos a outro aquilo que nós mesmos deveríamos reivindicar, e não cobramos, ou se cobramos é apenas naquele momento em que uma ação nos prejudica. Cada um tem sua própria opinião (ônus da liberdade), e devem ser respeitadas; mas é lamentável aquelas que fecham os olhos para um bom maior e abre para particularidades apenas com o desejo da autossatisfação.
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