Rádio Reverberação

segunda-feira, 21 de março de 2016

Vermelho é a cor mais perigosa



Assim como tantas outras coisas, uma simples cor pode, em determinada situação, se tornar um vigoroso símbolo. As cores da bandeira nacional, de um estilo musical, da sinalização de trânsito, do escudo do time do coração, etc... as cores são mais do que cores. Com elas pintamos o mundo, de tons variados de acordo com nosso estado de espíritos e paixões. Em tempos sombrios um feixe de luz é o suficiente para iluminar uma câmara escura e projetar na parede imagens que não dão a noção do que está lá fora. Mas afinal, o que está lá fora? Nas disputas pelas cores em nossa atual e insana guerra política o verde e o amarelo, motivos de orgulho esportivos e nacionalismo seletivo, é diariamente banalizado ao ser mobilizado pelo um enorme grupo de pessoas que ao se posicionarem em um perigoso lado político usam as cores como um escudo da moral, dos bons costumes e da idoneidade. Em contraposição o vermelho, a cor de tudo que há de mau no mundo, o pomo da discórdia a ponto de até bebês (sim, crianças... os malvados bebês de Rosemary) serem hostilizadas por que suas mamães quiseram enfeitá-las com os desenhos da Minnie e Homem-de-Ferro (ambos terríveis comunistas). O vermelho que traz em si mesmo todo o colorido, a cor do nosso sangue, do desejo e da paixão, a mais sedutora e que desperta no ser humano as mais profundas idealizações se torna ao mesmo tempo um sinal de perigo ao que ousam ostentá-lo em praça pública. A culpa é do vermelho, que ousou estampar a bandeira de um (de vários, na verdade) partido fundado por trabalhadores e que um dia ameaçou a ordem e o progresso instaurado pelos democráticos verde e amarelo. O outono chegou para anunciar o iminente e gélido inverno, que pode demorar décadas para passar... e o quente e aconchegante vermelho, o mesmo que poderia nos trazer um alento será o mesmo imã do medo e da violência. Pobre vermelho... não se preocupe, não deixarei você mofar no fundo do armário.

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