Rádio Reverberação

quinta-feira, 5 de março de 2015

Nunca fomos tão republicanos

Montagem: Brasil 247

O noticiário político no Brasil nos últimos tempos tem ficado cada vez mais em evidência. Os intensos debates e disputas políticas, sobretudo as partidárias, revelam que nosso país está atingindo um patamar de seu período democrático em que múltiplas vozes de fato se fazem ouvir. No entanto, a coabitação de vozes não significa o entendimento entre elas. É saudável para a esfera pública que grupos distintos (ou não tão distintos assim) ponham suas cartas na mesa e estimulem o jogo. A instauração da “desordem” que tem por fim a contestação de possíveis discursos unilaterais, que podem levar ao autoritarismo, é um movimento que naturalmente faz valer as possibilidades de transformações do tempo e da política. Se temos um governo de situação forte é bom para o país que também tenhamos uma oposição igualmente forte. O que não podemos confundir, e usualmente confundimos, é que tais não devem se degladiar por tomada de poder movido por interesses meramente particulares em detrimento do bem do povo. Ser oposição não significa ser necessariamente o tempo todo contra, nem ser situação significa aceitar passivelmente quais atos impopulares. A sangrenta disputa entre Planalto x Congresso demonstra que as esferas que comandam o país travaram uma guerra interna que ultrapassa os interesses do país e colocam em xeque o processo de consolidação de nosso republicanismo democrático. Mesmo que os motivos sejam questionáveis, o resultado apertado das eleições presidenciais de 2014 é um indicativo de mudanças na cultura política brasileira. Não obstante, as manifestações pró-impeachment da presidenta Dilma é um ato meramente revanchista, irracional, e antidemocrático. É a ridicularização e infantilização de nossas próprias posturas políticas, que em boa parte da população contrária ao atual governo é guiada apenas por desinformações e mêmes compartilhados nas redes sociais. Hoje a cada 1 passo dado “para frente”, 10 são dados “para trás”. As novas oligarquias (as bancadas evangélicas, ruralistas, conservadoras, etc.), que são cada vez maiores, impedem que os nossos direitos sejam assegurados e se baseiam por interesses econômicos e ideológicos (muito questionáveis). Reforço a ideia que estamos nos tornando cada vez mais republicanos, mas sabemos ser de fato republicanos? A “desordem” democrática está se tornando “bagunça” escandalosa? A “divisão” do Brasil é boa, faz parte do amadurecimento político... mas quando nos jogamos uns contra os outros sem fundo minimamente racionalizável (não entrarei na discussão sobre sensibilidades 

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